Demanda por gasolina desacelera nos EUA e pode abalar petróleo
A forte recuperação no consumo de gasolina, que ajudou a elevar os preços do petróleo, parece perder fôlego, algo que deve ser motivo de preocupação para a indústria petrolífera.
Nos Estados Unidos, de longe o maior mercado de gasolina do mundo, a melhor medida da demanda do país ficou estável durante o que deveria ser a estação de pico de viagens, quando milhões de americanos normalmente pegam a estrada para as férias de verão.
Na Ásia, que encerrou as quarentenas e liderou a recuperação das compras do combustível, a demanda agora também começa a fraquejar.
A situação ainda parece um pouco melhor na Europa, mas refinarias da região acionam unidades de produção de gasolina no momento em que o interesse de compra do outro lado do Atlântico parece estar diminuindo.
O que importa para a gasolina importa para o petróleo. Há apenas algumas semanas, parecia que a demanda pelo combustível mostrava forte recuperação à medida que as pessoas usavam carros para ir trabalhar, a fim de evitar o transporte público.
A expectativa era de que a recuperação ajudasse a impulsionar a demanda global por petróleo de volta aos níveis pré-pandemia até o final do ano. Agora, o otimismo começa a diminuir.
“A Covid está atrasando o relógio da demanda”, disse Robert Yawger, diretor da divisão de futuros da Mizuho Securities, acrescentando que a força – ou não – do consumo de gasolina nos EUA nas próximas seis semanas determinará o futuro a curto prazo do mercado global de petróleo.
“Veja o que aconteceu: vimos a demanda se nivelar no meio de julho. Esse é o pico da temporada de férias. Não é aí que as coisas devem se basear pelo que sabemos. Isso pode ser ruim.”
A gasolina é importante porque normalmente responde por quase 30% do que as refinarias de petróleo globais produzem, o que significa que, se a demanda cair, a necessidade das próprias usinas de comprar petróleo também vai diminuir.
Outro ponto fundamental do consumo – o combustível de aviação – ainda permanece bem abaixo dos níveis de pico, porque o coronavírus teve um efeito muito forte nas viagens internacionais.
Com menor demanda por combustível de aviação, as refinarias têm deslocado a produção para outros combustíveis, como o diesel, pressionando esses mercados.