Demissões no Itaú reacendem debate sobre trabalho presencial, home office e produtividade

As recentes demissões no Itaú Unibanco, motivadas pela alegada baixa produtividade durante o home office, colocam em evidência um dos temas mais discutidos pós-pandemia: qual o equilíbrio ideal entre trabalho presencial e remoto?
Na última segunda-feira (8), o banco dispensou centenas de funcionários que atuavam em regime remoto ou híbrido, justificando incompatibilidade entre o registro de ponto e as atividades monitoradas nas plataformas digitais.
De acordo com o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, cerca de mil colaboradores foram demitidos, enquanto relatos em redes sociais apontam números ainda maiores. O Itaú optou por não comentar os dados.
Monitoramento digital e produtividade: limites e dificuldades
Para avaliar o desempenho dos funcionários, o banco usa softwares que acompanham o uso do computador, analisando memória consumida, número de cliques, abas abertas, tarefas lançadas e abertura de chamados.
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Especialistas ouvidos pelo Money Times alertam que esse tipo de métrica é insuficiente e pode ser uma abordagem equivocada para medir produtividade no home office.
Marcella Moura, sócia da Acerta Consultoria, destaca que indicadores como prazos cumpridos e KPIs devem ser prioridade. “Quem amplia a jornada para além do horário não necessariamente entrega mais resultados”, afirma.
Pausas e dinâmicas do trabalho remoto
Mônica Ramos, executiva sênior de RH na MRPeople Consultoria, ressalta que tanto no escritório quanto no home office existem pausas naturais — para café, conversas informais ou almoço. No ambiente remoto, momentos para se desconectar brevemente podem ser decisivos para a criatividade e eficácia.
Ramos alerta que monitoramentos excessivos podem causar estresse, ansiedade e adoecimento, comprometendo o desempenho e a saúde do colaborador.
Gestão eficiente passa por confiança e resultados
Segundo a especialista, uma gestão sustentável deve ter metas claras, prazos definidos e avaliações baseadas na qualidade das entregas.
“Políticas flexíveis e alinhamento constante, com feedbacks regulares, são fundamentais para evitar o controle rígido e manter o engajamento”, explica.
Responsabilidade do colaborador
Moura acrescenta que o sucesso do trabalho remoto também depende da autogestão do tempo pelo funcionário, algo que nem todos conseguem exercer com facilidade.
De acordo com ela, muitos profissionais preferem o ambiente presencial justamente pela dificuldade em gerir as próprias horas de trabalho.