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DeSci: É possível investir em ciência e tecnologia de ponta como um investidor de varejo; veja como

11 fev 2023, 12:00 - atualizado em 11 fev 2023, 9:10
DeSci
Confira entrevista com Maria Goreti Freitas, mestre e PhD em bioquímica e biologia molecular pela Fiocruz, doutora no último assunto pela Case Western Reserve University (Imagem: Pixabay/kiquebg)

Diversas venture capital investem em startups de ciência, saúde e descobertas científicas. A tese também é muito querida por fundos de private equity. No entanto, por meio da área de ciências descentralizadas (DeSci), é possível investir na mesma tese pela Web3 através de tokens, “NFTs científicos” e outros instrumentos.

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A própria Pfizer possui seu braço de venture e aplica rios de dinheiro em empresas de tecnologia e saúde, como Capstan Therapeutic – startup que combina terapia celular in vivo e medicamentos genéticos para desenvolver novas opções de tratamento para o câncer.

Mas é possível investir com pouco como um investidor de varejo. Através do setor de Ciência descentralizada, ou DeSci em inglês, diversos projetos, pesquisas e cientistas de primeira mão recebem financiamento e compartilham os frutos com seus investidores.

Maria Goreti Freitas, mestre e PhD em bioquímica e biologia molecular pela Fiocruz e doutora no último assunto pela Case Western Reserve University, resolveu se juntar ao ecossistema de ciência descentralizada (DeSci, ou Decentralized Science).

A também embaixadora da Associação Brasileira de Startups de Saúde é líder na deScier – uma organização de ciência descentralizada – e conta para o Crypto Times como investir nesse segmento a preço de varejo.

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Além das dicas sobre tokens de DeSci e até NFTs de pesquisas científicas, Goreti comenta sobre suas perspectivas para 2023 e como acredita que DeSci vai mudar o mundo. Confira a entrevista:

CT – Quais são os projetos que mais estão mudando o mundo em DeSci? E o que já fizeram?

Para eu responder essa tua pergunta, vou ter que te dizer que a ciência, do jeito que ela é feita hoje, não avança na velocidade que poderia. E isso tem a ver exatamente com a natureza do movimento de ciência descentralizada e como queremos mudar o mundo. 

Aos nossos leitores e audiência, devo informar que a ciência descentralizada é um movimento crescente no mundo inteiro e que vem ganhando adeptos aqui no Brasil também.

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A bandeira e grande manifesto desse movimento de ciência descentralizada é promover uma ciência disruptiva, em linha com os grandes desafios humanos, que democratize a distribuição de conhecimentos, fomentos e riquezas e que dê rápidas respostas à sociedade.

Imagine um mundo em que uma pessoa, um grupo de pessoas, uma empresa ou instituição possa ter acesso fácil à ciência e ter desafios endereçados e respondidos por cientistas, usando o método científico de modo efetivo, preciso e rápido.

Imagine o valor de uma tal comunidade agregada em trabalho colaborativo e com ganhos compartilhados, sem barreiras institucionais tradicionais ou geográficas. Esse é o movimento DeSci.

Eu diria que a ciência hoje tem cinco pilares principais:

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  • o primeiro seria o de financiamento de projetos;
  • o segundo o de escolha de laboratórios e cientistas onde você consiga fazer seus experimentos e ter resultados para sua pergunta (que é sua hipótese);
  • o terceiro é a publicação desses resultados;
  • o quarto pilar é usar esse conhecimento adquirido para mudar o mundo; e
  • o quinto pilar é o de gerir a propriedade intelectual do conhecimento produzido.

É exatamente nesses cinco pilares (financiamento, laboratórios, publicação científica, gestão da propriedade intelectual e velocidade de mudança para o mundo) que a ciência descentralizada pode contribuir enormemente.

Para responder sobre o que os projetos em DeSci já fizeram, vou te dizer que o mais importante é que eles apareceram e começaram a se organizar. 

As ferramentas da Web3, que têm sido tão importantes em DeFi (finanças descentralizadas), também são aquelas testadas em DeSci.

Assim, a agregação em comunidades com poder de voto, uso de contratos inteligentes e moedas digitais para organização de tarefas são hoje ferramentas utilizadas em DAOs (organizações autônomas descentralizadas) de ciência.

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Algumas DAOs têm recebido e dado financiamento de projetos em moedas digitais, democratizado o investimento em projetos científicos complexos através de IP-NFTs, ou seja, tokens não fungíveis que dão acesso à propriedade intelectual do que é produzido. 

Algumas comunidades, como é o caso da nossa, têm se debruçado também em soluções para o intricado e caro sistema de publicações científicas, uma indústria de US$ 26 bilhões ao ano.

Você sabia que um cientista precisa pagar de US$ 2-6 mil para ter um único artigo publicado? Pois é. Alguns jornais jogam com rejeição e prestígio, usando fatores de impacto criados por eles mesmos, para cobrarem US$ 11 mil por uma publicação.

Isso num sistema que os autores doam “voluntariamente” seu tempo para participar da revisão dos artigos dos outros colegas e ainda pagam para ser publicados e lidos.

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Tudo isso usando o dinheiro chamado público, que na verdade pertence a todos nós. Não bastasse toda essa injustiça, o autor assina um documento liberando o copyright para a editora para todo o sempre, não tendo sequer direitos autorais ou royalties para um conteúdo de alto valor científico por ele produzido.

Diga-me aí, Leonardo, se uma tecnologia como um NFT não deveria ser testada como solução. 

CT – Como investir nessa área de ciência descentralizada?

A DeSci é uma ciência para a sociedade, e é organizada em comunidades abertas. A nossa comunidade, por exemplo, a deScier, é um ecossistema de várias iniciativas nos cinco pilares que citei antes, organizadas em nosso Discord.

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A entrada é livre, feita por convite de qualquer um de seus membros.

Geralmente, a primeira orientação para investir em DeSci é seguir aquela velha máxima de conhecer o projeto e as pessoas que formam aquele projeto, a forma de distribuição e o gerenciamento do tesouro.

Vários novos modelos de investimento vêm surgindo. Até aqui, tenho visto investimentos realizados para financiamentos de projetos de pesquisa via uso de IP-NFTs, via aquisição de tokens listados em exchanges e aquisição de NFTs.

Esses ativos digitais tendem a se valorizar com a valorização do projeto. A tendência é a de deixar para trás a participação via equity e se concentrar mais na prova de trabalho ao completar tarefas específicas que liberam tokens.

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Eu diria que essa é uma forma fantástica de democratização de participação em iniciativas com grande potencial de ganhos econômicos para todas as pessoas que fazem parte daquela comunidade.

É uma forma completamente livre de olhar para uma iniciativa e dizer “eu quero fazer parte disso” e entrar e colaborar para que dê certo.

Completando tarefas e recebendo tokens, os membros da comunidade podem ganhar também poder de voto na curadoria e governança do projeto como um todo; e isso é fantástico, eu diria mesmo que esse é um dos aspectos mais benfazejos desse modo de criar riqueza.

Você pode também adquirir tokens para comprar serviços ou fomentar os ecossistemas DeSci.

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Na deScier, temos pré-tokens $desci e NFTs. Os valores pagos pelos NFTs são funcionais e darão acesso a descontos e serviços, você recebe igual valor em $desci e participará da governança.

Você pode ainda comprar os pré-tokens para financiamento de projetos de pesquisa, patrocínio de ações de educação, congressos em DeSci e eventos de networking ou capacitação de sua equipe em DeSci por líderes do ecossistema.

Aliás, em primeira mão, quero te contar que o primeiro evento internacional de ciência descentralizada no Brasil vai acontecer no DeSci Americas Summit, um evento satélite ao Blockchain São Paulo na cidade universitária da USP entre 20 e 23 de junho 2023. Haverá painéis de investimento e quero convidar vocês do Crypto Times para participar.

Como cientista você pode se tornar membro de uma comunidade DeSci, criar um canal na sua área de expertise, convidar seus pares e receber financiamento para seus projetos.

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Os membros do canal utilizarão as ferramentas Web3 da comunidade para pesquisa, os projetos serão apresentados para captação de recursos a financiadores e empresas e participarão na seleção de grants da Web3 com apoio da comunidade DeSci.

Demandas e desafios científicos podem ser apresentados para fomento de projetos do grupo.

CT – O que esperar de DeSci para este ano de 2023?

Acho que as pessoas vão querer saber cada vez mais sobre web3 e que descentralização vai ser a palavra do ano.

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Imagina o poder em multiplicar o fomento do desenvolvimento humano de uma ciência que entende, está preparada e aceita ativos cripto calculados hoje em US$ 2 trilhões. 

Vamos ver testes de várias soluções envolvendo os cinco pilares que falei na primeira pergunta: financiamento, local de pesquisa, publicação, gestão de propriedade intelectual e efetivo uso do que se aprendeu.

Prevejo ainda que projetos que auxiliem os desdobramentos desses cinco pilares, como por exemplo o uso de NFTs para identificação, credibilidade e reputação, ampliação do uso de blockchain para registros de descobertas e construção de redes privadas de blockchain sejam dados à luz ainda em 2023.

Vejo possível uma expansão de comunidades e DAOs de ciência descentralizada no mundo todo, formação de uma grande rede DeSci e de cientistas enxergando o valor de se tornar “decientistas”.

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Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
leonardo.cavalcanti@moneytimes.com.br
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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