Desktop (DESK3) salta quase 20% com continuidade das negociações com a Claro após relatório da Anatel
As ações da Desktop (DESK3), negociadas fora do Ibovespa (IBOV), recuperam o tombo do início da semana com salto de quase 20% nesta quinta-feira (23), em meio a rumores de que as negociações com a Claro segue em curso.
Por volta de 12h30, DESK3 registrava avanço de 12,92%, a R$ 15,30, figurando como a maior alta da bolsa brasileira, a B3. Mais cedo, os papéis da companhia provedora de banda larga subiram 17,71% (R$ 15,95).
A forte recuperação das perdas recentes com a retomada das expectativas envolvendo um negócio com a operadora de telecomunicações do grupo mexicano América Móvil, controladora da Claro, e a Desktop.
De acordo com a coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo, as negociações entre a Desktop e a Claro “continuam de pé”, com uma nova rodada de conversas realizada ontem (22). Segundo o colunista, uma oferta vinculante deve ser assinada até a próxima semana, no valor de R$ 0,21 por ação.
As conversas entre as duas companhias foram confirmadas pela Claro no último dia 7 — o que fez a ação DESK3 acumular alta de quase 55% em um período de 15 dias.
Mas na última segunda-feira (20), as ações da Desktop registraram queda de mais de 26% após a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) apontar preocupações concorrenciais por conta de uma possível aquisição da empresa pela Claro.
Segundo o relatório da agência reguladora, uma possível venda da Desktop para a Claro deve “levantar preocupações não desprezíveis quanto a possível agravamento de situações relacionadas a custos de mudança (switching costs) e efeito de aprisionamento (lock-in)”.
Para a análise da Anatel, que versa apenas sobre o cenário competitivo, um eventual negócio pelas empresas pode “dificultar a entrada efetiva de novos agentes (empresas), a capacidade de rivalizar das concorrentes presentes no mercado e facilitar a prática de condutas lesivas à concorrência, entre outras”.
No ano passado, a Desktop chegou a ter discussões com a Telefônica Vivo (VIVT3) sobre uma potencial transação. Na época, o presidente-executivo da operadora mencionou que entre as questões que precisavam ser analisadas estava a sobreposição de redes e o negócio não foi adiante.
O que dizem os analistas?
Em relatório divulgado na última quarta-feira (22), o BTG Pactual afirmou que, ainda que relevante localmente, a aquisição da Desktop pela Claro seria um negócio pequeno no contexto da América Móvil.
Por outro lado, a transação faria sentido estratégico para a Claro Brasil, acelerando a migração de 8,1 milhões de clientes HFC (fibra ótica coaxial) para FTTH (fibra ótica “pura”) e consolidando presença no estado de São Paulo.
“Consideramos sinergias relevantes, mas impacto financeiro limitado no grupo [da América Móvil]”, escreveram os analistas Carlos Sequeira, Osni Carfi, Tcha Chan e Bruno Henriques, em relatório.
Ainda nas contas do banco, a análise das 20 principais cidades em que a Desktop atua mostra que uma eventual aquisição pela Claro levaria a uma concentração combinada de 53%, ante 51% no cenário com a Vivo.
“No total, seriam 16 cidades com market share acima de 50% no caso da Claro, versus 14 no caso da Vivo. Considerando todas as 199 cidades, o cenário Desktop + Vivo resultaria em 43% de participação combinada, levemente superior aos 41% com a Claro”, destacaram os analistas.
O BTG Pactual tem recomendação de compra para Desktop (DESK3) com preço-alvo de R$ 20 — o que representa um potencial de valorização de 47,6% sobre o preço de fechamento anterior (R$ 13,55).
Quem é a Desktop?
A Desktop, que abriu capital quatro anos atrás e se define como “principal plataforma regional de telecomunicações do Brasil”, tem operação concentrada no Estado de São Paulo.
A companhia encerrou o primeiro semestre com uma rede disponível a 4,78 milhões de residências e 1,17 milhão de casas conectadas em 200 cidades do interior de São Paulo. A empresa afirma ter uma infraestrutura própria de rede de fibra óptica com 57 mil quilômetros.
Em 2024, a empresa lançou uma operadora celular virtual que usa a rede da Tim (TIMS3).
*Com informações de Reuters