Dia 1 da tarifa de 50%: UBS BB vê impacto ‘limitado’ de até 0,6 p.p. no PIB brasileiro

A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre parte dos produtos brasileiros começa a valer nesta quarta-feira (6), mas não deve impactar significativamente o crescimento da economia, avaliam economistas do UBS BB.
Segundo Alexandre de Azara, Rodrigo Martins e Fabio Ramos, a estrutura das exportações brasileiras e a abrangência das exceções concedidas pelo governo norte-americano reduzem consideravelmente os possíveis danos ao Produto Interno Bruto (PIB).
Ao assinar a ordem que oficializou as tarifas, o presidente Donald Trump excluiu 694 produtos da taxa recíproca — o equivalente a 45% do valor exportado pelo Brasil aos EUA em 2024, incluindo derivados de petróleo, suco de laranja e aeronaves.
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A equipe do UBS BB estima que cerca de 74% das exportações aos norte-americanos atingidas podem ser redirecionadas com facilidade para outros mercados. Isso diminui a pressão sobre a balança comercial e ajuda a conter impactos mais amplos.
“O efeito direto no crescimento do PIB tende a ser bastante limitado”, afirmam Azara, Martins e Ramos.
Caso os 26% restantes das exportações não consigam ser internalizadas ou redirecionadas — cenário considerado improvável —, o efeito potencial sobre o crescimento do PIB seria de no máximo 0,6 ponto percentual.
“Mesmo nesse cenário extremo, o impacto seria moderado e, mais provavelmente, será próximo de nulo no médio prazo”, afirmam.
Os economistas ressaltam que os setores mais expostos, como aeronaves e máquinas industriais, tendem a ter maior dificuldade de redirecionamento, mas representam uma parcela menor do total exportado.
A avaliação também considera que, dado o perfil das exportações brasileiras, produtos como petróleo, commodities agrícolas e celulose tendem a encontrar mercados alternativos com mais facilidade, o que contribui para amortecer os efeitos das tarifas.
Em linha, o BTG Pactual reconhece que parte das exportações afetadas será gradualmente redirecionada para outros mercados ao longo dos próximos trimestres.
Por outro lado, as analistas Iana Ferrão e Luiza Paparounis reconhecem que os efeitos setoriais são relevantes e o impacto indireto pode ganhar tração caso haja deterioração significativa da percepção de risco, com ou sem uma eventual escalada do conflito.
Elas avaliam que uma nova lista de exceções possa ser divulgada, diante das declarações do secretário do Tesouro, Howard Lutnick, de que as tarifas poderão ser revistas para produtos que não são produzidos internamente nos EUA e que podem pressionar a inflação de alimentos.
É esperada a redução de tarifas sobre o café, as frutas tropicais e os pescados.