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Dificuldades e dúvidas avalizam atenção das empresas com impacto do desmatamento nos negócios

24 maio 2021, 14:54 - atualizado em 26 maio 2021, 12:14
Desmatamento Amazonas
A pressão contra o desmatamento colhe frutos positivos junto à pressão da sociedade (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Dificilmente se garante que agentes do agronegócio, ou parte deles, digam totalmente a verdade quando pesquisados sobre como lidam com as questões ambientais nos seus negócios, sobretudo se aplicam medidas de controle. Há sempre uma tendência para o “sim”, diante da pressão que o tema exerce atualmente, mais ainda quando o desmatamento é foco.

A Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura notou, contudo, que pelo nível das respostas mais ‘fechadas’ e pelas dificuldades e dúvidas, expressas em pesquisa recente, as pistas deixadas animaram o resultado final: 90% dos entrevistados disseram utilizar dados sobre desmatamento para tomadas de decisões.

Por exemplo, o mapeamento indica que os dados sobre desmatamento são consultados principalmente para implantação de novos negócios ou operações (64%), monitoramento de fornecedores (36%), monitoramento das áreas produtivas de propriedade da empresa (25%), avaliação de risco de crédito (23%) e monitoramento da carteira de crédito (20%).

A questão da ausência de ausência de informações para verificar a legalidade do desmatamento, foi bem explorada pelos participantes das pesquisas. E veio de encontro com o que já notou a Coalizão.

“Recentemente, a importância da transparência e disponibilidade das Autorizações de Supressão Vegetal (ou Autorizações de Desmatamento) para possibilitar atestar a legalidade do desmatamento foi destacada pela Coalizão como uma das ‘Ações para queda rápida do desmatamento”, explica explica Paula Bernasconi, coordenadora de Incentivos Econômicos para Conservação no Instituto Centro de Vida (ICV) e líder da Força-Tarefa Dados de Desmatamento da Coalizão Brasil.

A equipe do organismo que congrega entidades empresariais do agro, como Abiec (exportadores de carne), empresas individuais, ongs e centros acadêmicos e de pesquisa, também percebeu que os pesquisados têm dificuldades no cruzamento de dados de desmatamento em relação a setores específicos.

Atividades

Na lista mapeada pela Coalizão Brasil, estão: atividades produtivas específicas, como soja e pastagens; dados de infraestrutura, como silos, esmagadoras, abatedouros; dados de financiamento bancário; áreas consolidadas; áreas recuperadas; impacto na biodiversidade e água.

A campeão de “dificuldade”, mais citada, foi a de obter informações sobre o ocupante (CPF/CNPJ) das áreas com desmatamento, já que o CAR disponibiliza essa informação apenas nos estados de Mato Grosso e Pará e, ainda assim, apenas através de consulta individual. Houve também uma sugestão de criação de plataforma para emissão de certidão negativa de desmatamento.

Após o levantamento, feito com líderes de 60 diferentes organizações, corporações e consultorias atuantes junto a clientes, entre outros, agora é trabalhar os mecanismos de aperfeiçoamento das propostas e partir para a ação.

Segundo os líderes do projeto, “o próximo passo é consolidar a transição da fase de informação e conscientização para a fase da ação já que, só quando os dados de desmatamento forem realmente usados como critério prioritário na tomada de decisão dos negócios, teremos consequências práticas para toda a cadeia de valor e para o ambiente”.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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