Empresas

Dividendos x recompras: Empresas quase igualam valores e afetam remuneração do acionista; entenda

10 maio 2023, 16:20 - atualizado em 10 maio 2023, 16:31
Dividendos perdem espaço como forma de remunerar acionistas, em meio ao salto no volume de recompra de ações; entenda (Imagem: Freepik)

As recompras globais de ações atingiram um valor recorde em 2022. O volume recomprado pelas empresas quase se equivale ao total distribuído aos acionistas sob a forma de dividendos no ano passado. É o que mostra estudo da Janus Henderson

Segundo o levantamento, as 1.200 maiores empresas do mundo recompraram US$ 1,31 trilhão de suas próprias ações no ano passado. Além de recorde, o montante cresceu 22% em relação a 2021, quando havia estabelecido a máxima histórica anterior, e é quase igual aos US$ 1,39 trilhão que as mesmas empresas pagaram em dividendos no período.

De um lado, o valor das recompras triplicou em dez anos. De outro, houve um aumento de pouco mais de 50% nos dividendos distribuídos no mesmo período. Ou seja, em 2012, as recompras tinham apenas a metade do tamanho dos dividendos. Já em 2022, quase se igualaram. 

Para Ben Lofthouse, diretor de renda variável global da Janus Henderson, o rápido crescimento das recompras reflete um forte desempenho dos lucros e do fluxo de caixa livre. Ao mesmo tempo, mostra uma disposição em recompensar os acionistas, porém sem estabelecer expectativas inesperadas em relação aos dividendos.  

Portanto, fica o alerta: “Nem sempre se pode confiar nas recompras para aumentar os retornos dos acionistas”, afirma o diretor. Ou seja, nem sempre se criam valor para os acionistas.

Aliás, o Janus Henderson Global Dividend Index mostra que esse movimento parece ser uma nova tendência. Afinal, as empresas deram continuidade às recompras de ações em todo o mundo no primeiro trimestre de 2023, estendendo as operações realizadas ao final do ano passado. 

Confira no gráfico de recompras de ações X dividendos:

Empresas e setores

Entre as mais de mil empresas, apenas dez foram responsáveis por quase um quarto das recompras de 2022. Desse total, nove são dos Estados Unidos. Além disso, o setor de petróleo é, de longe, a maior contribuição para o crescimento das recompras de ações em 2022. 

No ano passado, as petrolíferas recompraram US$ 135 bilhões de suas próprias ações, mais de quatro vezes superior ao que foi visto em 2021. No entanto, a variação setorial é mais acentuada. 

Entre as big techs, por exemplo, nem Meta, proprietária do Facebook, nem Alphabet, proprietária do Google, pagam dividendos. Porém, ambas são grandes compradoras de suas próprias ações. Em contrapartida, o setor de serviços públicos é tido como de alto rendimento. Os dividendos das empresas desse segmento foram oito vezes maiores do que as recompras. 

Dividendos perdem espaço no mundo

No entanto, esse movimento de crescimento das recompras não é exclusivo dos EUA. Nem só da Europa, segundo o levantamento. Em todas as regiões, em quase todos os países e em quase todos os setores, houve uma forte expansão, duelando com o espaço antes ocupado apenas pelos dividendos.

Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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