Do balcão à estratégia própria: Reinventando o mercado de investimentos

O Agente Autônomo de Investimentos (AAI) consolidou-se como peça central no desenvolvimento do mercado brasileiro de capitais. Ele surgiu para ampliar o acesso dos investidores a produtos financeiros, atuando como elo entre clientes e corretoras.
Na prática, o AAI indica investimentos disponíveis na prateleira das corretoras, recebe comissão por distribuir esses produtos e cumpre um papel essencialmente comercial. No entanto, seu alcance termina aí: não pode estruturar operações próprias, não participa da originação de ativos e permanece limitado ao ecossistema da instituição que representa.
É um modelo que, embora tenha sido fundamental para democratizar o mercado, manteve os profissionais em posição restrita, funcionando mais como intermediários do que como protagonistas.
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Com o amadurecimento do setor e o avanço da digitalização, essa limitação começou a ficar evidente. A competição crescente reduziu margens, o excesso de profissionais no mesmo espaço trouxe pouca diferenciação e a incapacidade de criar ou personalizar soluções passou a ser um gargalo.
O AAI, dependente da corretora, tornou-se cada vez mais vulnerável, sem espaço para inovar ou capturar valor além da simples venda de produtos. Nesse cenário, surge a figura do Estruturador Autônomo de Investimentos (EAI) como resposta a um mercado que exige mais sofisticação, autonomia e tecnologia.
O EAI representa uma verdadeira evolução de função. Diferente do AAI, ele não se limita a intermediar, mas participa da concepção e gestão das operações financeiras. Tem autonomia para negociar diretamente com tomadores de crédito ou originadores de ativos, desenhar operações com garantias, taxas e prazos adequados e, em seguida, distribuir essas ofertas reguladas a investidores.
Além disso, conecta-se a pools de liquidez nacionais e internacionais, acessando fontes de capital antes restritas a grandes instituições. Em outras palavras, o EAI se assemelha a uma versão compacta e independente de uma área de mercado de capitais — um “DCM de bolso”.
Esse salto de autonomia é profundo. Enquanto o AAI apenas mostra a prateleira de produtos montada pela corretora, o EAI cria sua própria prateleira, definindo os ativos, fornecendo liquidez e escolhendo parceiros. Isso permite gerar receitas não só pela distribuição, mas também pelo structuring e pela gestão das operações.
O poder de decisão e a capacidade de inovação saem das mãos da corretora e passam para o próprio assessor, que deixa de ser repassador e se torna dono da estrutura. Essa mudança de eixo redefine a lógica de valor no mercado de capitais.
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O futuro reforça ainda mais essa tendência. O AAI marcou o passado da intermediação, mas o EAI desponta como presente e futuro em um mercado tokenizado, descentralizado e apoiado em novas tecnologias.
Dessa forma, ao incorporar tokenização e blockchain, o EAI consegue estruturar ativos de forma mais ágil, transparente e acessível, conectando investidores e empresas sem tantas barreiras institucionais.
A diferença fundamental é clara: enquanto o AAI permanece preso à dependência das corretoras, o EAI se estabelece como agente independente, tecnológico e regulado, tornando-se um hub de oportunidades financeiras. Nesse novo paradigma, intermediar já não basta — é preciso participar, estruturar e transformar o mercado em todas as etapas.