Do papel ao código: Como a tokenização está redefinindo o mercado imobiliário
Durante décadas, o mercado imobiliário brasileiro sustentou a base do crédito estruturado, movendo trilhões de reais em ativos e financiamentos. Porém, essa mesma força se manteve presa a um modelo de operação fragmentado, caro e excessivamente dependente de intermediários. Cada etapa, da originação ao registro, da custódia à liquidação, foi moldada sobre estruturas lentas e hierárquicas, nas quais o controle raramente estava nas mãos de quem realmente gerava valor.
Entre março e setembro de 2025, mais de 19 mil empresas do setor imobiliário buscaram compreender o fenômeno da tokenização de ativos, um movimento que já ultrapassa o estágio conceitual e começa a redefinir o que significa “infraestrutura financeira”.
No entanto, a maioria ainda se prende à superfície da ideia: acreditam que tokenizar é apenas emitir um token. Essa visão simplista ignora o ponto central da revolução em curso, não é o token que muda o sistema, é a infraestrutura que o sustenta.
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Tokenizar um ativo não é transformar um contrato em bits. É reconstruir a espinha dorsal da operação, conectando originação, compliance, distribuição, custódia e liquidação em um único fluxo automatizado. É, essencialmente, reescrever o código que sustenta o sistema financeiro.
Durante décadas, a cadeia de valor imobiliária operou como um arquipélago: múltiplas ilhas de informação, cada uma com seus próprios registros, sistemas e intermediários. O resultado foi um ecossistema caro, lento e pouco transparente.
Quando a tokenização é implementada sobre uma infraestrutura integrada, essa lógica se inverte. Em vez de documentos que precisam ser reconciliados manualmente, o registro e a liquidação passam a ocorrer de forma nativa e sincronizada, reduzindo custos, eliminando redundâncias e devolvendo autonomia ao estruturador e ao investidor.
É nesse ponto que o embedded finance deixa de ser uma tendência e se torna uma função crítica. Ele representa a capacidade de integrar, dentro de um mesmo ambiente tecnológico e regulado, todas as funções financeiras que antes dependiam de instituições distintas: emissão, custódia, distribuição, liquidação e governança.
Essa integração não apenas acelera o ciclo operacional, ela redefine o conceito de eficiência. Quando a infraestrutura financeira é embutida no próprio processo de tokenização, o custo de capital cai, o tempo de captação encurta e o controle retorna para quem de fato cria valor. A tokenização, portanto, não é um novo produto de investimento. É a fundação de um novo sistema econômico, mais transparente, inclusivo e interoperável.
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O mercado imobiliário, acostumado a lidar com contratos complexos, registros cartoriais e processos de compliance demorados, está descobrindo que a infraestrutura é o verdadeiro fator de transformação. Um sistema financeiro baseado em tokens só se sustenta se for construído sobre uma arquitetura capaz de conversar com o ecossistema regulatório existente e, ao mesmo tempo, automatizar o que antes dependia de múltiplas camadas humanas.
Por isso, a tokenização deixou de ser apenas uma inovação tecnológica. Ela se tornou o alicerce da eficiência, o ponto de equilíbrio entre segurança, velocidade e escala. Cada token representa não apenas um ativo, mas uma operação redesenhada sob um novo paradigma de confiança e automação.