Dólar perde ritmo e cai a R$ 5,33 com eleições e expectativas sobre juros no Brasil e nos EUA no radar
As eleições presidenciais de 2026 e a expectativa sobre as decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos na próxima semana pressionaram o dólar, que voltou a enfraquecer ante as moedas fortes e emergentes.
Nesta terça-feira (2), o dólar à vista (USDBRL) encerrou a sessão a R$ 5,3303, com queda de 0,54%.
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O movimento acompanhou a tendência externa. Por volta das 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, operava com baixa de 0,06%, aos 99.357 pontos.
O que mexeu com o dólar hoje?
O dólar voltou a perder força ante o real nesta terça-feira (2) com a melhora do humor doméstico. O mercado concentrou as atenções no cenário eleitoral do próximo ano.
Segundo a pesquisa AtlasIntel/Bloomberg, divulgada na manhã de hoje, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera em todos os cenários de primeiro turno para as eleições presidenciais de 2026. No entanto, no segundo turno, o atual presidente do Brasil teria empates técnicos com Tarcísio de Freitas (Republicanos) e com Michelle Bolsonaro (PL).
O levantamento ainda mostrou que a desaprovação do presidente Lula subiu desde a última pesquisa AtlasIntel — de 48,1% para 50,7%. Já a aprovação do petista caiu de 51,2% para 48,6%.
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Os investidores também reagiram, em segundo plano, a novos dados macroeconômicos. A produção industrial registrou alta de 0,1% em outubro na comparação com o mês anterior, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção caiu 0,5%.
Na avaliação de Sara Paixão, analista de macroeconomia da InvestSmart XP, o dado corrobora para visão de desaceleração esperada para o segundo semestre desse ano, dado a taxa de juros em patamar restritivo.
“Em relação aos juros, o dado divulgado hoje não altera a visão de que o Copom terá espaço para corte nos juros apenas a partir do próximo ano. Porém, o mercado permanece dividido entre as reuniões de janeiro ou de março. Vale ressaltar alguns fatores que podem ter influência positiva na atividade econômica durante o próximo ano, como o aumento na faixa de isenção de imposto de renda”, afirmou a analista, em nota.
Além disso, a expectativa de um novo corte de juros nos Estados Unidos reduziram a atratividade do dólar e reforçaram o diferencial de juros a favor do Brasil, “especialmente diante da provável manutenção da Selic em 15% ao ano, que mantém o carry trade favorável ao real”, afirmou Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
Perto do fechamento, a ferramenta FedWatch, do CME Group, mostrava 89% de chance de o Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) reduzir nos juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano. Ontem (1º), a aposta era de 86,4%.
Já a probabilidade de manutenção dos juros caiu de 13,6% (ontem) para 11% hoje.
O Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed se reúne pela última vez em 2025 na próxima semana, entre os dias 9 e 10 de dezembro. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil também faz a reunião de política monetária nos mesmos dias.