Dólar salta mais de 2% e fecha a R$ 5,43 com cenário eleitoral em foco
O cenário eleitoral se sobrepôs aos dados de inflação nos Estados Unidos e o dólar disparou ante o real na última sessão da primeira semana de dezembro.
Nesta sexta-feira (4), o dólar à vista (USDBRL) encerrou a sessão a R$ 5,4318, com alta de 2,29%. Durante o pregão, a moeda bateu máxima intradia a R$ 5,4840 (+3,27%).
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O movimento destoou a tendência externa. Por volta das 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, operava estável, aos 99.995 pontos, com inflação em linha com o esperado nos Estados Unidos.
Na semana, o dólar à vista acumulou valorização de 1,82% ante o real.
O que mexeu com o dólar hoje?
O dólar começou o dia enfraquecido ante moedas fortes e emergentes, em meio ao fortalecimento das commodities e novos dados nos Estados Unidos.
O Departamento do Comércio dos Estados Unidos informou que o índice de preços (PCE, na sigla em inglês) subiu 0,3% em setembro, levemente acima do esperado.
O PCE, que é o índice de referência inflacionário para o Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA), foi a 2,8% em um ano — ainda acima, e se afastando, da meta de 2% perseguida pelo BC norte-americano.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o núcleo da inflação avançou 0,2% no nono mês de 2025. No acumulado de 12 meses, os preços recuaram para 2,8%.
Após os dados, o mercado manteve a aposta de corte nos juros pelo Fed na próxima semana perto de 90%. De acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group, os agentes financeiros veem 87,2% de chance de uma redução do Fed Funds em 0,25 ponto percentual, o que levaria a taxa referencial para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano.
A reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) acontece entre os dias 9 e 10 de dezembro.
O cenário, porém, mudou rapidamente no início da tarde desta sexta-feira (5) com as atenções voltadas à corrida presidencial. A notícia de que o candidato à Presidência escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro será o seu filho Flávio Bolsonaro (PL) aumentou a percepção de risco doméstico e o dólar disparou, atingindo máxima intradia a R$ 5,48.
Flávio confirmou o apoio e a eventual candidatura à Presidência da República nas eleições do próximo ano. Na avaliação do mercado, “o apoio de Bolsonaro a um candidato que não seja Tarcísio cria uma pulverização, divisão de forças em vez de uma união“, disse o analista Victor Benndorf.
“A leitura é que um candidato da família Bolsonaro enfraqueça a oposição em 2026, favorecendo a reeleição do presidente Lula. Assim, o mercado passa a precificar com maior probabilidade a continuidade do atual governo, o que implica em juros elevado a partir de 2027 e menor rigor no controle de gastos, exemplificado pelo comportamento da curva de juros”, destacou André Valério, economista sênior do Inter.