Dólar cai a R$ 5,42 com sinalização de Flávio Bolsonaro e expectativa pela ‘Super Quarta’
O dólar iniciou a semana em queda com correção técnica em meio ao alívio político com a sinalização de possível desistência da candidatura de Flávio Bolsonaro (PL) à Presidência em 2026. A expectativa pela ‘Super Quarta’ também movimentou o pregão.
Nesta segunda-feira (8), o dólar à vista (USDBRL) encerrou a sessão a R$ 5,4209, com queda de 2,29%.
- LEIA MAIS: Comunidade de investidores Money Times reúne tudo o que você precisa saber sobre o mercado; cadastre-se
O movimento destoou a tendência externa. Por volta das 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, subia 0,09%, aos 99.078 pontos.
O que mexeu com o dólar hoje?
A expectativa pelas decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil mexeu com os mercados.
Lá fora, investidores esperam majoritariamente que o Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) reduza os juros pela terceira reunião consecutiva, em uma decisão não unânime.
Perto do fechamento, a ferramenta FedWatch, do CME Group, mostra 89,6% de chance de o BC norte-americano reduzir os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano. Na última sexta, a aposta era de 86,2%. A probabilidade de manutenção dos juros subiu de 10,4% para 13,8% hoje.
A reunião do Fomc acontece entre os dias 9 e 10 de dezembro.
Por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve manter a Selic em 15% ao ano. O mercado, porém, espera alguma indicação de início do ciclo de afrouxamento monetário no primeiro trimestre de 2026, após dados mais fracos da economia na semana passada.
Para Ian Lima, gestor de renda fixa da Inter Asset, o BC deve reconhecer os avanços no combate à inflação, mas irá tratá-los como “dentro do esperado”, considerando o atual grau de aperto monetário.
“Embora o BC já tenha incorporado em suas projeções o impacto da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR), um dos principais focos de incerteza no momento, esse efeito continua sendo monitorado, sobretudo porque o impulso adicional à demanda ocorre em um contexto de pleno emprego, o que aumenta o risco inflacionário”, afirmou o gestor.
Ele ainda avalia que as quedas das expectativas para a inflação no Focus, especialmente nos prazos mais longos, são positivas, mas indicam apenas uma reancoragem parcial. “Assim, o BC deve manter no comunicado a estratégia de juros elevados por um período prolongado”.
No Boletim Focus desta segunda, os economistas ouvidos pelo BC voltaram a reduzir as projeções para a inflação de 2025 de 4,43% para 4,40%. Essa foi a quarta revisão para baixo consecutiva.
O cenário eleitoral também seguiu no radar. Neste fim de semana, Flávio Bolsonaro (PL) afirmou que pode desistir da pré-candidatura ao Planalto em troca de apoio político para a anistia aos envolvidos nos atos de janeiro de 2023, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro .
Na última sexta, a indicação de Flávio como candidato com apoio de Bolsonaro– que cumpre condenação por tentativa de golpe de estado em carceragem da Polícia Federal, em Brasília – injetou cautela nos mercados.
Até então, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), era cotado como o mais provável candidato da direita, na avaliação do mercado. Para analistas, a escolha de Flávio cria uma divisão de forças na direita e “implode’ possíveis alianças entre partidos de direita e de centro nas próximas eleições.