Dólar cai a R$ 5,53 com inflação ‘fraca’ dos EUA e escalada das commodities

O dólar voltou ao território negativo com desaceleração da inflação nos Estados Unidos e valorização das commodities em meio à escalada das tensões no Oriente Médio.
Nesta quarta-feira (11), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,5376, com queda de 0,59% ante o real.
O movimento acompanhou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, caía 0,43%, aos 98,670 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
O dólar foi pressionado por novos dados de inflação nos Estados Unidos. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) norte-americano subiu 0,1% em maio, abaixo do esperado. Em 12 meses, a inflação acumula alta de 2,4% — ainda acima da meta do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA).
Embora o CPI não seja a referência do Fed para inflação, o índice é uma parâmetro de ajustes do mercado para as apostas para a trajetória dos juros dos EUA. Após os dados, os agentes financeiros ampliaram as expectativas de que o BC norte-americano deve começar o afrouxamento monetário em setembro.
A probabilidade de corte acumulado de 50 pontos-base os juros também aumentou, segundo a ferramenta de monitoramento FedWatch, do CME Group.
Já para a reunião do Fed na próxima semana, os traders veem 99,8% de chance de o BC manter os juros inalterados. Atualmente, os juros dos EUA estão na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.
Os acordos comerciais dos Estados Unidos com países parceiros também movimentaram o câmbio. Os representantes comerciais dos EUA e da China chegaram a um acordo preliminar após uma rodada de negociações, que durou dois dias, em Londres.
Segundo os negociadores dos dois países, o acordo trata sobre as questões de envio de terras raras e ímãs chineses para empresas norte-americanas e ainda precisa ser aprovado pelos presidentes Donald Trump e Xi Jinping.
Na rede social Truth Social, Trump afirmou que ele e Xi vão trabalhar em conjunto para que o acordo funcione.
Por outro lado, as tensões geopolíticas no Oriente Médio escalaram na tarde desta quarta-feira (11). Segundo o jornal The Washington Post, o Departamento de Estados dos EUA autorizou a saída de funcionários da embaixada em Bagdá, capital do Iraque. O departamento também permitiu a saída de pessoal não essencial e familiares do Bahrein e Kuwait.
O movimento acontece um dia após o presidente norte-americano, Donald Trump, afirmar que o Irã está “muito mais agressivo” nas negociações nucleares. “O Irã está agindo de forma muito diferente nas negociações do que há poucos dias”, disse Trump em entrevista à Fox News na última terça-feira (10).
Dólar cai ante o real
No cenário doméstico, os investidores continuaram à espera da publicação da medida provisória (MP) que trata da compensação do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A expectativa é de que a MP seja anunciada ainda nesta semana.
Hoje (11), o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que o pacote de medidas anunciado pelo governo enfrentará “resistência” no Congresso.
Em publicação no X, Motta acrescentou que a apresentação de propostas que apenas elevam a arrecadação, sem cortes de gastos, “não funciona”.
“Trouxemos o Governo para um debate que não é só aumentar tributos, mas cortar gastos… Já comuniquei à equipe econômica que as medidas anunciadas em alternativa ao IOF irão ter resistência do Congresso”, escreveu o presidente da Câmara.
Apesar do impasse sobre o IOF e as incertezas fiscais, o real ganhou força na esteira das commodities. O contrato mais líquido do petróleo Brent, com vencimento em agosto, subiu 4,34%, a US$ 69,77 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres.
Países emergentes e exportadores de matérias-primas, como o Brasil, são impactados diretamente pelo preços das commodities.