Dólar sobe a R$ 5,44 com impasse nas negociações tarifárias entre Brasil e EUA

O dólar ganhou força ante moedas globais e emergentes com a prorrogação da trégua tarifária entre Estados Unidos e China, expectativa de encontro de Trump e Putin e impasse nas negociações comerciais entre a Casa Branca e o Palácio do Planalto.
Nesta segunda-feira (11), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,4420, com alta de 0,11%.
O movimento destoou da tendência vista no exterior. Ante moedas fortes, o dólar seguiu em desvalorização. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, subia 0,40%, aos 98,580 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
Sem a agenda de indicadores econômicos relevantes, o mercado de câmbio acompanhou os desdobramentos da política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Hoje (11), Trump assinou um decreto que prorroga as taxas sobre impostas pelos EUA às importações chinesas por mais 90 dias. A trégua entre Pequim e Washington estava programada para expirar amanhã (12).
O presidente norte-americano também afirmou que o ouro não estará sujeito a tarifas, mas deu mais detalhes. Na última sexta-feira (8), os investidores “receberam mal” a possível tarifa sobre as barras de ouro de um quilo.
Há também a expectativa de um encontro entre Trump e o presidente da Rússa, Vladimir Putin, na próxima sexta-feira (15) para a negociação de um cessar-fogo da guerra da Ucrânia.
Na questão monetária, os dois vice-presidentes do Federal Reserve (Fed), Michelle Bowman e Philip Jefferson, e a presidente da unidade do Fed de Dallas, Lorie Logan, estão sendo cotados para ocupar a presidência do Banco Central, segundo informações da Bloomberg. O mandato de Jerome Powell na chefia do BC vai até maio de 2026.
Amanhã (12), o mercado deve repercutir o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês). Embora o dado não seja referência para o Fed, o índice é usado para calibrar as apostas sobre a trajetória dos juros da maior economia do mundo.
Dólar também sobe ante real
Por aqui, o real perdeu força com a expectativa de uma negociação tarifária com os Estados Unidos frustrada. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que a reunião com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, previsto para a próxima quarta-feira (13), foi cancelado.
“(A reunião com Bessent) seria na quarta-feira desta semana. Seria porque, de novo, a militância antidiplomática dessas forças de extrema direita que atuam junto à Casa Branca tomaram conhecimento da minha fala e agiram junto a alguns assessores ali do presidente Trump. E a reunião com ele (Bessent), que seria virtual na quarta-feira, foi desmarcada”, disse Haddad em entrevista à GloboNews.
O ministro afirmou que o cancelamento da reunião foi informado por e-mail, sob o argumento de “falta de agenda”, e que não há nova data para que ela aconteça.
Os investidores também acompanharam as declarações do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo. Para ele, a baixa dependência comercial do Brasil em relação aos Estados Unidos é vista pelo mercado como uma proteção após a imposição, de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros por Donald Trump.
“Como o Brasil depende menos dos Estados Unidos, vai se machucar menos do ponto de vista comercial no processo do tarifaço”, afirmou Galípolo, durante evento na Associação Comercial de São Paulo (ACSP).