Dólar tem leve alta com medidas fiscais no radar e fecha a R$ 5,54

Em uma semana de vaivém, o dólar ganhou força com as medidas de compensação ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no centro das atenções. As tensões geopolíticas e as ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos também movimentaram o câmbio.
Nesta quinta-feira (12), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,5426, com alta de 0,09% ante o real.
O movimento destoou da tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, caía 0,71%, aos 97,918 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
No cenário doméstico, o dólar retomou o ritmo de ganhos ante o real, na contramão do desempenho da divisa norte-americana, com as medidas de compensação ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Na noite da última quarta-feira (11), o governo publicou um decreto calibrando para baixo parte dos aumentos do IOF anunciados no fim de maio acompanhado de uma medida provisória (MP) — que contempla ações para contenção de despesas, como a inclusão do Pé-de-Meia no piso da Educação, novas regras de acesso ao seguro-defeso e mudanças no AtestMed.
O novo pacote não tem nenhuma novidade além do que já foi apresentado pelo ministro Fernando Haddad, mas deve sofrer resistência do Congresso.
Nesta quinta-feira (12), o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que o colégio de líderes da Casa decidiu pautar a urgência para votação de projeto de decreto legislativo que susta os efeitos do decreto do governo do IOF.
Motta afirmou que “o clima na Câmara não é favorável para o aumento de impostos com objetivo arrecadatório para resolver nossos problemas fiscais”.
A votação da urgência em plenário está prevista para a próxima segunda-feira (16). Se aprovada, o projeto terá sua tramitação acelerada, podendo ser analisado diretamente no plenário, sem necessidade de passar pelas comissões.
Além disso, dados econômicos movimentaram o câmbio, ainda que em segundo plano. Entre eles, as vendas no varejo tiveram queda de 0,4% em abril na comparação com o mês anterior, contra a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,8%.
O real também perdeu força com a fraqueza das commodities. O contrato mais líquido do petróleo Brent, com vencimento em agosto, caiu 0,59%, a US$ 69,36 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres — uma realização em relação à disparada de mais de 4% na véspera (11).
Países emergentes e exportadores de matérias-primas, como o Brasil, são impactados diretamente pelo preços das commodities.
Dólar cai no exterior
No exterior, o dólar cedeu espaço para as moedas fortes, como euro e libra, em meio à ameaças de tarifas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, novos dados da economia dos Estados Unidos e tensões geopolíticas.
Ontem (11), Trump afirmou que deve definir, ao longo das próximas semanas, novas taxas de importação para produtos de diversos países. No final de abril, a Casa Branca determinou um período de suspensão das tarifas por 90 dias para países que não haviam anunciado retaliações ao ‘tarifaço’.
“Em determinado momento, vamos simplesmente enviar as cartas. E acho que vocês entendem o que isso significa: ‘esse é o acordo, aceitem ou deixem’”, disse Trump a repórteres no Kennedy Center, em Washington.
O presidente ainda afirmou que pode estender o prazo de 8 de julho para concluir as negociações comerciais com os países, antes que tarifas norte-americanas mais elevadas entrem em vigor, mas afirmou que não acredita que isso seja necessário.
Segundo eles, as negociações comerciais continuam com cerca de 15 países, incluindo Coreia do Sul, Japão e União Europeia.
Os dados da economia dos Estados Unidos também dividiram as atenções. Entre eles, os pedidos iniciais de auxílio-desemprego ficaram em 248.000, em dado com ajuste sazonal, na semana encerrada em 7 de junho, informou o Departamento do Trabalho do país. Os economistas consultados pela Reuters previam 240.000 pedidos para o período.
Já os preços ao produtor dos EUA subiram 2,6% em maio em relação ao ano anterior, depois da alta de 2,5% em abril.
Após os dados, o mercado manteve a expectativa de manutenção dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) na faixa de 4,25% a 4,50% na próxima semana. Os contratos de futuros mostram que os operadores agora esperam uma redução de 25 pontos-base em setembro, com outra redução semelhante provavelmente em outubro.
Os EUA também estão preparando uma retirada parcial de funcionários de sua embaixada no Iraque e permitirão que familiares de militares deixem locais no Oriente Médio devido ao aumento dos riscos de segurança na região, segundo fontes norte-americanas e iraquianas na quarta-feira (11) à Reuters.