Dólar fecha a R$ 5,38, no menor nível em 14 meses, com dados de inflação no Brasil e nos EUA

O dólar voltou a perder força ante moedas globais e emergentes com dados de inflação nos Estados Unidos e no Brasil.
Nesta terça-feira (12), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,3870, com queda de 1,01% — no menor nível em 14 meses.
O movimento acompanhou a tendência vista no exterior. Ante moedas fortes, o dólar seguiu em desvalorização. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, caía 0,45%, aos 98,066 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
Os dados de inflação nos Estados Unidos e no Brasil elevaram as perspectivas de afrouxamento monetário e movimentaram o mercado de câmbio.
Nos EUA, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,2% em julho, abaixo do esperado, e acumulou alta de 2,7% em 12 meses.
Embora o CPI não seja o indicador inflacionário de referência para o Federal Reserve (Fed), o dado é usado para calibrar as expectativas sobre a trajetória dos juros na maior economia do mundo.
Após o dado, o mercado passou a precificar uma probabilidade de 94,4% de um corte de 25 pontos-base nos juros no próximo mês, de acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group, o que levaria a taxa para a faixa de 4,00% a 4,25% ao ano. Antes do CPI, a chance era de 85%. Os investidores também aumentaram suas apostas em cortes nos juros em outubro e dezembro.
O presidente da unidade do Fed de Kansas, Jeffrey Schimd, afirmou que o Banco Central não deve considerar o efeito “silencioso” das tarifas de Trump sobre a inflação até o momento como uma oportunidade de reduzir as taxas de juros, mas sim como um sinal de que a política monetária está “adequadamente calibrada”.
“Com a economia ainda mostrando dinamismo, otimismo empresarial crescente e inflação ainda acima do nosso objetivo, manter uma postura de política monetária modestamente restritiva continua sendo apropriado por enquanto”, disse Schmid em comentários preparados para uma conferência em Oklahoma.
O mercado também continuou a precificar a extensão da trégua tarifária dos EUA com a China por mais 90 dias, anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, ontem (11).
Por aqui, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,26% em julho, ante expectativa de 0,35%. A inflação acumula alta de 3,26% entre janeiro e julho e de 5,23% em 12 meses.
Em reação, as taxas de Depósitos Interfinanceiros (DIs) tocaram mínimas intradia e fecharam abaixo de 14% pela primeira vez desde meados de maio com aumento das apostas de cortes nos juros.
“O IPCA foi do que o esperado, tanto em termos gerais quanto qualitativos. As principais surpresas de queda vieram da alimentação no domicílio e de bens industriais. Em termos qualitativos, a surpresa negativa no núcleo de bens industriais compensou a surpresa positiva no núcleo de serviços. No geral, o resultado foi positivo”, avaliaram os economistas Adriano Valladão e Matheus Chaves, do Santander.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse esperar uma continuidade na trajetória de deflação de alimentos nos próximos meses após o dado divulgado hoje. Segundo ele, esse movimento será possível, entre outras razões, pelo forte desempenho da safra agrícola no país neste ano. O chefe da pasta econômica participou de audiência pública no Congresso Nacional nesta terça-feira (12).