Dólar tem leve alta e fecha a R$ 5,29 com política monetária dos EUA no radar
O dólar engatou mais uma alta com o enfraquecimento do real. A moeda brasileira performou em linha com outras de países emergentes, em um dia agitado por dados econômicos, incertezas sobre a trajetória dos juros norte-americanos e fim do ‘shutdown‘ dos Estados Unidos.
Nesta quinta-feira (13), o dólar à vista (USDBRL) encerrou a sessão a R$ 5,2983, com alta de 0,10%.
O movimento destoou da tendência externa. Por volta das 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, operava com queda de 0,32%, aos 99,174 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
O câmbio teve mais um dia movimentado. A paralisação (shutdown) da máquina pública dos Estados Unidos chegou ao fim, depois de 43 dias.
Ontem (12), o presidente Donald Trump sancionou a legislação que abre ‘espaço’ orçamentário de forma temporária. O acordo estende o financiamento até 30 de janeiro, deixando o governo federal em um caminho para continuar adicionando cerca de US$ 1,8 trilhão por ano à sua dívida de US$ 38 trilhões.
Agora, os investidores concentraram suas atenções nos impactos econômicos da mais longa paralisação do governo norte-americano. Projeções do Congresso americano indicam que um shutdown de seis semanas pode reduzir o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre em até 1,5 ponto percentual.
Os atrasos na divulgação de dados econômicos também devem continuar afetando as análises. A Casa Branca já sinalizou que tanto o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) quanto o relatório de empregos (payroll) provavelmente não serão contabilizados, o que pode comprometer de forma permanente parte das séries históricas — e a análise do Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano), que depende desses indicadores para calibrar sua política monetária.
Em meio ao ‘apagão’, as incertezas sobre a trajetória dos juros dos EUA também movimentaram o câmbio. Nesta quinta-feira (13), a presidente da unidade do Fed de San Francisco, Mary Daly — até então uma firme defensora dos cortes nas taxas do Fed — disse que qualquer decisão a cerca de quatro semanas antes da próxima reunião de política é “prematura”.
“Tenho uma mente aberta, mas ainda não tomei uma decisão final sobre o que penso e estou ansiosa para debater com meus pares”, disse Daly durante um evento em Dublin, na Irlanda.
Para Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, os comentários recentes de dirigentes do BC norte-americano reforçaram que “ainda são necessários mais dados antes de qualquer decisão, destacando que a inflação segue acima da meta e que a política monetária não está claramente restritiva — o que reduz o espaço para cortes adicionais sem risco de tornar a postura excessivamente acomodatícia”.
A próxima reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed está marcada para os dias 9 e 10 de dezembro. De acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group, o mercado vê 50,4% de chance de o BC manter os juros na faixa de 3,75% a 4,00% ao ano. Já a probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual é de 49,6%.
No Brasil, o mercado reagiu a novos dados econômicos, em meio à expectativa de aumento das remessas ao exterior nas próximas semanas.
As vendas no varejo caíram 0,3% em setembro sobre agosto em dado com ajuste sazonal e avançaram 0,8% na comparação com o mesmo período do ano passado, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (13).
A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 0,3% na comparação mensal e de avanço de 2,0% sobre um ano antes.
Nas avaliação do Itaú BBA, os resultados mais fracos de vendas no varejo encerram o ciclo de dados do terceiro trimestre confirmando a desaceleração da atividade econômica.
*Com informações de Reuters