Dólar cai mais de 1% pressionado por commodities e ata do Copom; moeda fecha a R$ 5,60

O dólar devolveu parte dos ganhos da véspera com novos dados de inflação nos Estados Unidos — que abriram espaço para cortes nos juros norte-americanos, na avaliação do mercado. A forte valorização das commodities e a ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro também movimentaram o câmbio.
Nesta terça-feira (13), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,6087, com queda de 1,32% ante o real.
O movimento acompanhou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais como euro e libra, caía 0,83%, aos 100.955 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
O dólar perdeu força ante o real em um dia recheado de “acontecimentos”. Em primeiro lugar, os investidores repercutiram a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Na semana passada, o colegiado do BC elevou a Selic em 0,50 ponto percentual (p.p.), para 14,75% ao ano.
O documento, divulgado hoje mais cedo pelo Banco Central (BC), destacou que s incertezas em torno da política econômica nos Estados Unidos e a guerra tarifária contra a China têm impacto sobre expectativas de inflação, ainda desancoradas. Para os diretores, o ambiente externo “mostra-se adverso e particularmente incerto”.
Na avaliação do mercado, a ata foi “neutra” em relação ao comunicado da decisão sobre a Selic e os agentes financeiros elevaram as apostas de que o ciclo de aperto monetário no Brasil já chegou ao fim. “O plano atual do Comitê parece ser manter a taxa Selic inalterada nas próximas reuniões, ainda que sem um compromisso firme nesse sentido”, disse economista-chefe da XP, Caio Megale.
O real também avançou com apoio das commodities. O minério de ferro avançou mais de 1% na bolsa de Dalian, na China, e o petróleo encerrou o dia também em tom positivo. Países exportadores, como o Brasil, tendem a ser impactados positivamente através do aumento dos preços das matérias-primas.
No exterior, o mercado reagiu a novos dados de inflação nos Estados Unidos. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) registrou alta de 0,2% em abril, em linha o esperado pelo mercado. Já em 12 meses, a inflação subiu para 2,3%, um pouco abaixo da previsão dos analistas.
Embora o CPI não seja o dado inflacionário de referência do Federal Reserve (Fed), ele serve para calibrar as apostas dos agentes financeiros sobre a trajetória dos juros norte-americanos.
Dessa vez, o dado consolidou a chance de o Fed cortar os juros em 50 pontos-base até dezembro deste ano como aposta majoritária. Hoje, os juros dos EUA estão na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.
Os investidores também seguiram na expectativa por novos detalhes sobre o acordo temporário entre os Estados Unidos e a China. No fim de semana, as duas maiores economias do mundo reduziram as taxas sobre os bens e mercadorias por 90 dias. Durante o período, a tarifa dos EUA sobre os produtos chineses cairão de 145% para 30%, enquanto as taxas da China sobre os produtos norte-americanos passarão de 125% para 10%.