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Dólar volta a cair e fecha a R$ 5,55 com expectativas de negociações tarifárias

15 jul 2025, 17:03 - atualizado em 15 jul 2025, 17:09
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O dólar interrompeu a sequência de perdas ante o real com expectativas de negociações sobre as tarifas entre o Brasil e os EUA (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic)

O dólar interrompeu a sequência de quatro altas consecutivas com expectativas de um acordo tarifário entre o Brasil e os Estados Unidos. Reunião do governo com setores afetados pelo “tarifaço” de Trump, audiência de conciliação entre Executivo e Legislativo sobre IOF e dados de inflação norte-americana também movimentaram o câmbio.

Nesta terça-feira (15), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,5581, com queda de 0,47%. 



O movimento destoou da tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, subia 0,55%, aos 98,634 pontos.

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O que mexeu com o dólar hoje?

As expectativas de negociações do Brasil com os Estados Unidos deram fôlego ao real, em dia de fraqueza das commodities.

Nesta terça-feira (15), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, iniciou a rodada de reuniões do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais com setores mais afetados pela tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros à importação nos Estados Unidos.

A taxa foi anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na semana passada e está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto.

Na abertura do encontro com representantes do agronegócio brasileiro, Alckmin afirmou que é a previsão de safra recorde em 2025 é “importantíssima para a balança comercial na área social, na área econômica. É um setor campeão de produtividade e competitividade”.

“Em relação à tal da carta [de Donald Trump], tem questões que não são do Executivo, são questões do Poder Judiciário. E a tripartição do poder, a separação de poderes é pedra basilar do Estado de Direito, o governo [Lula] não tem como interferir”, disse. “Mas, em relação à questão tarifária, entendemos que ela é equivocada”, acrescentou ao citar o superávit dos EUA com o Brasil.

Alckmin ainda afirmou que o governo vai trabalhar para reverter “o mais rápido possível” o tarifaço de Trump, em entrevista a jornalistas após as reuniões. Ele também disse que o pedido de ampliação de prazo para as tratativas foi apresentado por representantes da indústria.

Ontem (14), o colunista  da CNN Brasil, Gustavo Uribe, divulgou que o governo trabalha com cenários de negociações, sendo o adiamento o para a implementação da nova tarifa entre 60 e 90 dias como uma das alternativas.

Os investidores locais também dividiram as atenções com a audiência de conciliação entre Executivo e Legislativo sobre a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), mediada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), desistiu de participar da audiência e será representado pela advogada-geral do Senado, Gabrielle Tatih Pereira.

De acordo com a ata da reunião divulgada pelo STF, o Senado pediu um prazo maior para a continuidade das negociações. A audiência encerrou sem acordo e a decisão sobre o impasse do tributo será do ministro Alexandre de Moraes.

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, também se reuniu com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), em encontro fora da agenda oficial das duas autoridades.

Dólar sobe no exterior

No exterior, os investidores reagiram a novos dados de inflação nos Estados Unidos. O índice de preços ao consumidor (CPI, sigla em inglês) subiu 0,3% em junho, elevando a taxa de inflação anual para 2,7%, em linha com a expectativa do mercado.

Embora o CPI não seja a referência inflacionária para o  Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), o dado ajuda a calibrar as apostas sobre a trajetória dos juros dos EUA.

Após o dado, o mercado reduziu as apostas de corte nos juros na reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed. A chance de o Fed cortar os juros em 25 pontos-base, para a faixa de 4,00% a 4,25% ao ano,  em setembro caiu de 58,9% (ontem) para 52,4%. Apesar da redução, o mês segue como o mais provável para início do ciclo de afrouxamento monetário.

Além disso, os rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro, os Treasuries, superaram o patamar de 5%.

Já no final da tarde, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou um acordo comercial com a Indonésia. O país asiático terá uma taxa de 19% sobre os produtos à importação no território dos EUA. A taxa anterior era de 32% com vigência a partir de 1º de agosto.

“Um grande acordo, para todos, acaba de ser feito com a Indonésia. Tratei diretamente com seu presidente altamente respeitado”, disse Trump em uma publicação na rede social Truth.

Ainda segundo Trump, esse é um acordo “histórico” que abrirá todo o mercado do país para os EUA “pela primeira vez na história”. A Indonésia se comprometeu a comprar US$ 15 bilhões em energia dos EUA, US$ 4,5 bilhões em produtos agrícolas americanos e 50 jatos da Boeing.

“Se houver qualquer transbordo de um país com tarifa mais alta, essa tarifa será adicionada à tarifa que a Indonésia está pagando. Agradecemos ao povo da Indonésia pela amizade e pelo compromisso com o equilíbrio do nosso déficit comercial”, acrescentou o chefe da Casa Branca.

O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse à CNBC que o acordo com a Indonésia dará continuidade à tendência de eliminação de tarifas sobre exportações dos EUA, ao mesmo tempo em que imporá tarifas sobre importações, semelhante à estrutura comercial anunciada recentemente com o Vietnã.

“Ele anunciou a Indonésia esta manhã. Sem tarifas lá. Eles pagam tarifas aqui, mudando a assimetria para o nosso lado. Vamos trazer a indústria de volta, e isso vai liberar nossos agricultores, pecuaristas, pescadores e nossas indústrias”, afirmou Lutnick.

*Com informações de Reuters

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
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