Dólar

Dólar cai e fecha abaixo de R$ 5,50 pela 1ª vez desde outubro

16 jun 2025, 17:06 - atualizado em 16 jun 2025, 17:10
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O dólar perdeu força com alívio na tensão no conflito entre Israel e Irã, negociações sobre o IOF e expectativa pela Super Quarta (Imagem: iStock/eyeglb)

O dólar iniciou a semana em queda com dados melhores de atividade econômica brasileira que o esperado e expectativa de alívio nas tensões entre Israel e Irã. A Super Quarta, o chamado dia de decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos, também ficou no radar.

Nesta segunda-feira (16), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,4861, com recuo de 1,00% ante o real, no menor nível desde 7 de outubro de 2024. 



O movimento acompanhou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, operava estável no nível dos 98 pontos.

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O que mexeu com o dólar hoje?

O dólar, assim como os ativos como ouro e títulos do Tesouro norte-americano, realizou partes dos ganhos recentes nesta segunda-feira (16) com expectativas de alívio no conflito entre Israel e Irã.

Pela manhã, o Irã propôs o fim das  hostilidades e a retomada das negociações sobre seu programa nuclear, enviando mensagens a Israel e aos Estados Unidos por meio de intermediários árabes.

Teerã também pediu ao Catar, Arábia Saudita e Omã que pressionassem o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a usar sua influência sobre Israel para concordar com um cessar-fogo imediato, de acordo com a agência de notícias Reuters.

Já no final da tarde, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que o Irã “não quer sentar à mesa de negociações. Eles querem explodir a mesa”. Netanyahu rejeitou a possibilidade de diálogo com Teerã, em entrevista à ABC News.

Em resposta, o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, disse que o país não quer intensificar o conflito com Israel, mas prometeu responder a qualquer “agressão” israelense.

Os investidores também reagiram a dados mais fracos do que o esperado. O índice de atividade industrial Empire State, que mede as condições da manufatura no Estado de Nova York, caiu para -16, ante -9,2 em maio, segundo pesquisa divulgada pela unidade do Federal Reserve (Fed) de Nova York.

O dado foi divulgado às vésperas da reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed. Os contratos futuros estão precificando uma probabilidade de 100% de o Banco Central norte-americano manter as taxas inalteradas, de acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group. Os juros dos EUA estão na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.

A decisão será acompanhada da atualização das projeções do Fed para os indicadores macroeconômicos, com a divulgação do gráfico de pontos (dot plot).

Dólar cai ante real

No cenário doméstico, o real ganhou força a despeito da valorização das commodities. O petróleo Brent, por exemplo, caiu mais de 1% com alívio nas tensões no Oriente Médio.

Por aqui, os investidores concentraram as atenções em Brasília com a possível derrubada do decreto de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOFe a medida provisória (MP) divulgada pelo governo nesta semana.

O governo tenta articular um acordo para evitar a revogação do decreto pelos deputados e permitir a votação da MP com elevação de outros tributos.

Segundo fontes ao Broadcast, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) se reuniu com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann; o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE); e o líder do PT na Câmara, Lindbergh Faria (RJ), na residência oficial da presidência da Câmara. O chefe da Casa Civil, Rui Costa, também estaria presente.

Os dados econômicos também movimentaram a sessão. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou alta de 0,2% em abril. No acumulado de 12 meses, a prévia do Produto Interno Bruto (PIB) subiu 4,0%. O dado veio acima das projeções do mercado.

De olho na decisão do  Comitê de Política Monetária (Copom) nesta semana, os economistas ouvidos pelo Banco Central mantiveram as projeções para a Selic em 14,75% ao final de 2025, segundo o Boletim Focus.

Mas na tarde desta segunda-feira (16), a curva de juros brasileira precificava cerca de 60% de chance de elevação de 0,25 ponto percentual  da Selic na próxima quarta-feira (18), contra 40% de probabilidade de manutenção, conforme cálculo do BMG. Atualmente a Selic está em 14,75% ao ano.

Os percentuais na curva também estão próximos do precificado no contrato de Opções de Copom da B3, que tem o aumento da Selic para 15% como aposta majoritária. O dado tem como referência as probabilidades da última sexta-feira (13), a atualização mais recente.

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.