Dólar tem leve alta e fecha a R$ 5,56 com escalada da tensão comercial entre EUA e Brasil e sucessão de Powell

O dólar retomou o fôlego com escalada das tensões comerciais entre os Estados Unidos e o Brasil e rumores sobre a demissão do presidente do Federal Reserve.
Nesta quarta-feira (16), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,5619, com alta de 0,07%.
O movimento destoou da tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, caía 0,31%, aos 98,308 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
As expectativas de negociações comerciais do Brasil com os Estados Unidos continuaram a movimentar o câmbio.
Ontem (15), o presidente norte-americano Donald Trump anunciou anunciou a abertura de uma investigação para avaliar se atos, políticas e práticas do governo brasileiro são “injustas ou discriminatórias” e estariam prejudicando o comércio dos EUA.
O processo será conduzido pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 — mesma legislação que embasou medidas tarifárias anteriores contra países como China.
A investigação tem como alvo os “ataques do Brasil contra empresas americanas de mídia social”, além de outras práticas que Washington considera desleais. Segundo o USTR, os EUA vêm enfrentando restrições de acesso ao mercado brasileiro há décadas, embora o órgão não tenha apresentado provas concretas no comunicado.
Entre os pontos que serão analisados estão o comércio digital e serviços de pagamento eletrônico, tarifas supostamente injustas e preferenciais, medidas anticorrupção, proteção à propriedade intelectual, comércio de etanol e o combate ao desmatamento ilegal. Por exemplo, o PIX e o comércio na rua 25 de Março foram citados.
Em reação, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que a medida é “inacreditável”. Em discurso durante evento em Brasília, Costa ainda afirmou que a resposta do Brasil ao ‘tarifaço’ de Trump será dada com serenidade e diálogo, mas também com firmeza e altivez.
Já no início da tarde de hoje (16), Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou que o governo brasileiro enviou uma carta ao governo norte-americano com um pedido de diálogo sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos.
O documento também manifesta “indignação” com o anúncio da sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de agosto.
A carta brasileira, assinada pelo vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, foi endereçada ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer.
Os investidores locais seguiram à espera da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as mudanças do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A audiência de conciliação com representantes do Congresso Nacional e do governo encerrou sem acordo ontem (15).
Movimentações de Trump
No exterior, o dia foi agitado por novas declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O chefe da Casa Branca disse que “provavelmente” cumprirá a carta tarifária com o Japão divulgada na semana passada, com a taxação de 25% sobre os produtos do país e afirmou que pode chegar a um novo acordo com a Índia em breve.
“Temos alguns acordos muito bons para anunciar”, declarou ele. “O grande negócio realmente será com os 150 países com os quais não estamos negociando, e eles são menores — não fazemos muitos negócios com eles.”
Ele também disse que o Irã quer negociar com os EUA, mas ele não tem pressa para iniciar as conversas.
Além disso, rumores de demissão do presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), Jerome Powell, voltaram a movimentar o mercado. De acordo com a mídia norte-americana, Trump planeja anunciar a saída do Powell em breve. Segundo o New York Times, o chefe da Casa Branca chegou a redigir uma carta para demitir Powell.
Há semanas, Trump vem pressionando pela saída do chefe do Fed, pedindo que o Fed reduza substancialmente os juros. Ontem (15), ele disse que o Fed deveria cortar os juros em 3 pontos percentuais. Hoje, o Fed Funds está na faixa entre 4,25% a 4,50% ao ano.
Contudo, Trump negou os rumores da possível demissão, afirmando que a medida é “altamente improvável”. “Não, não estamos planejando fazer isso.”
Em segundo plano, os investidores reagiram aos dados de inflação. O índice de preços ao produtor (PPI) permaneceu estável. Os economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,2%, depois de avanço de 0,1% relatado anteriormente em maio.
*Com informações de Reuters