Dólar fecha estável a R$ 5,52 com incertezas sobre trajetória da Selic, cenário eleitoral e inflação menor nos EUA
O dólar teve um dia de ‘sobe e desce’ com os investidores reprecificando os riscos domésticos de olho nas eleições de 2026 e expectativas sobre o início do afrouxamento monetário. A inflação dos Estados Unidos e decisões de política monetária na Europa ficaram no radar.
Nesta quinta-feira (18), o dólar à vista (USDBRL) encerrou a sessão a R$ 5,5237, com alta de 0,01%.
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O movimento acompanhou a tendência externa. Por volta das 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, subia 0,05%, aos 98.413 pontos.
O que mexeu com o dólar hoje?
Política monetária e cenário eleitoral continuaram a movimentar o câmbio, com os investidores reprecificando o risco local somado a remessas para o exterior.
Por aqui, “o sentimento do mercado mudou no início da tarde após a divulgação de noticiário político, que trouxe algum alívio às expectativas eleitorais. A leitura de que a pré-candidatura presidencial ainda está em aberto favoreceu uma melhora marginal do humor”, afirmou Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reafirmou o apoio a Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como pré-candidato à Presidência.
Pela manhã, a pesquisa AtlasIntel/Bloomberg mostrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve iniciar 2026 com a aprovação menor que a desaprovação.
Apesar do predomínio da avaliação negativa, Lula mantém vantagem sobre todos os possíveis adversários em simulações para as eleições presidenciais de 2026.
Se a disputa fosse hoje e os candidatos fossem os mesmos de 2022, o petista teria 46,7% das intenções de voto contra 44% de Jair Bolsonaro. Ciro Gomes aparece com 3,2%, Simone Tebet com 1,8% e outros candidatos de 2022 somam 2,2%. Votos brancos ou nulos correspondem a 1,8%.
Além disso, o Banco Central revisou para cima suas projeções para a economia brasileira nos próximos anos e indicou que a inflação deverá convergir para o centro da meta de 3% apenas em 2028. As novas previsões constam do Relatório de Política Monetária divulgado hoje.
O Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 2,3% em 2025, acima da projeção de 2,0% feita em setembro. Para 2026, a estimativa também foi levemente elevada, de 1,5% para 1,6%.
Segundo o BC, a nova projeção para o PIB deste ano reflete a surpresa ligeiramente positiva no terceiro trimestre e a reavaliação do desempenho esperado para o quarto trimestre. Para 2026, apesar da elevação na estimativa, a autarquia afirmou que está mantida a “projeção de crescimento moderado ao longo do ano”.
Já para a inflação, o BC estima que os preços estarão em 3,2% no terceiro trimestre de 2027. “O compromisso do BC é com a meta contínua de inflação de 3,00%, e suas decisões são pautadas para que este objetivo seja atingido ao longo do horizonte relevante de política monetária”, disse.
Durante coletiva de imprensa sobre o relatório, tanto o presidente do BC, Gabriel Galípolo quanto o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, pontuaram que as projeções são embutidas de incerteza e que há limitações para elas em um horizonte de 18 meses.
“Agentes estão tentando achar dica em texto que não dá dica”, afirmou Galípolo sobre as comunicações mais recentes do BC. “Não decidimos o que vamos fazer nem na reunião de janeiro nem na de março nem nas próximas. Não queríamos comunicar o que vamos fazer porque não decidimos o que vamos fazer”, reforçou.
Inflação menor nos EUA
Nos Estados Unidos, a inflação movimentou o câmbio.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos (EUA) subiu 0,2% nos dois meses de setembro a novembro, informou o Departamento do Trabalho do país.
Já o núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançou 0,2% na comparação mensal e foi a 2,6% em um ano.
A inflação norte-americana acumula alta de 2,7% em 12 meses. Segundo projeções da Bloomberg, a alta acumulada em 12 meses alcançaria 3,1%.
A alta em 12 meses foi menor do que a esperada, mas a moderação é provavelmente técnica. Os norte-americanos continuaram a enfrentar desafios de acessibilidade que foram parcialmente atribuídos às tarifas sobre as importações.
“Os dados de inflação dos EUA reforçaram o viés de desinflação e mantiveram vivas as apostas em um novo corte de juros já em janeiro”, avaliou Bruno Shahini, da Nomad.
Perto do fechamento, o mercado precificava 73,4% de chance de o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) manter os juros em 3,50% a 3,75% ao ano em janeiro. A aposta de corte de 0,25 ponto percentual, porém, aumentou de 24,4% ontem para 26,6% hoje.
As decisões de política monetária na Europa também tiveram reflexo no desempenho da divisa norte-americana. O Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juros inalteradas em 2% ao ano e dotou uma visão mais positiva sobre a economia da zona do euro, que tem demonstrado resistência aos choques do comércio global, provavelmente consolidando as expectativas de investidores de que não haverá mudanças nas taxas de juros.
*Com informações de CNBC