Dólar sobe a R$ 5,58 com temor de escalada de tensão comercial entre Brasil e EUA após ação da PF contra Bolsonaro

O dólar teve mais um dia agitado no Brasil e no exterior. Temor de novas tarifas dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros, novos ataques do presidente norte-americano Donald Trump ao Brics e expectativa de novos acordos tarifários entre a Casa Branca e países parceiros comerciais dividiram as atenções dos investidores.
Nesta sexta-feira (18), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,5876, com alta de 0,73%.
O movimento destoou da tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, caía 0,26%, aos 98,475 pontos.
Na semana, o dólar acumulou valorização de 0,72% ante o real.
- LEIA MAIS: Comunidade de investidores Money Times reúne tudo o que você precisa saber sobre o mercado; cadastre-se
O que mexeu com o dólar hoje?
O dólar ante o real ganhou força com o temor de novas tarifas sobre os produtos brasileiros para importação nos Estados Unidos em em retaliação à ação da Polícia Federal (PF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“O ponto central não é exatamente a operação em si e sim o receio do impacto disso nas relações com os Estados Unidos, especialmente considerando o momento delicado com a questão tarifária imposta pelo Trump. Há um temor real de que o presidente norte-americano use a situação para justificar uma escalada tarifária contra o Brasil”, afirmou Christian Iarussi, economista e sócio da The Hill Capital.
Na manhã desta sexta-feira (18), a PF executou os mandatos de busca e apreensão na residência de Bolsonaro em cumprimento de ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Ele também impôs ao ex-presidente o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de usar redes sociais, o recolhimento domiciliar entre 19h e 6h de segunda a sexta e em tempo integral nos fins de semana e feriados, além de uma proibição de manter contato com embaixadores, autoridades estrangeiras e de se aproximar de sedes de embaixadas e consulados.
Moraes ainda afirmou, na decisão que impôs medidas cautelares contra Bolsonaro, que o anúncio de tarifas contra o Brasil por Trump buscou interferir no processo em que o ex-presidente é réu na corte.
Ontem (17), Trump enviou uma carta ao ex-presidente Bolsonaro, vinculando novamente a adoção de tarifa comercial sobre os produtos do Brasil ao seu julgamento por tentativa de golpe de Estado.
Na carta, cuja tradução em português foi publicada por Bolsonaro na rede social X, o chefe da Casa Branca fala de suposto “tratamento terrível” recebido pelo ex-presidente “pelas mãos de um sistema injusto voltado contra você”.
“Esse julgamento deve acabar imediatamente!”, escreveu Trump. “Tenho manifestado fortemente minha desaprovação tanto publicamente quanto por meio da nossa política tarifária”, acrescentou.
No final de hoje (18), Trump voltou a afirmar que o Brics “tenta acabar com a dominância do dólar” e ameaçou aplicar uma tarifa de 10% sobre todos os países que formam o bloco econômico: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e que tem Egito, Etiópia, Indonésia, Irã e Emirados Árabes Unidos como membros desde o ano passado.
Até o momento está prevista a taxa de 50% sobre os produtos brasileiros à importação nos EUA com vigência a partir de 1º de agosto.
Dólar cai no exterior
No exterior, o dólar retomou o ritmo de perdas ante as moedas globais com novos dados econômicos dos Estados Unidos.
O índice de sentimento do consumidor do país, elaborado pela Universidade de Michigan, subiu de 60,7 em junho para 61,8 em julho, segundo levantamento preliminar. O resultado veio acima do esperado e também é o valor mais alto do indicador em cinco meses.
O presidente Donald Trump afirmou que o país ainda tem “grandes acordos comerciais para anunciar muito em breve”, durante a cerimônia de assinatura do projeto de lei que regula as stablecoins nos EUA, chamando de GENIUS Act.
“Toda carta que enviamos já é um acordo comercial. Depois, podemos negociar de novo. Quando eu envio um documento dizendo 35%, 40%, já é um acordo”, acrescentou o chefe da Casa.
Ainda nas questões tarifária, o Financial Times divulgou que Trump está exigindo uma tarifa mínima entre 15% a 20% nas negociações com a União Europeia. No fim de semana passado, o chefe da Casa Branca anunciou uma tarifa de 30% sobre os produtos fabricados pelos países-membros do bloco.
*Com informações de Reuters