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Dólar tem 2º dia de queda consecutiva com rebaixamento de nota de crédito dos EUA e falas da Galípolo

19 maio 2025, 17:02 - atualizado em 19 maio 2025, 17:03
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O dólar perdeu força pela 2ª sessão consecutiva com rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela Moody's e falas de Gabriel Galípolo (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic)

O dólar perdeu força pela segunda sessão consecutiva com todos os olhos voltados aos Estados Unidos: a agência de risco Moody’s rebaixou a nota de crédito do país no momento de “ajustes de contas” no Congresso norte-americano. Por aqui, dados econômicos e declarações de Gabriel Galípolo também movimentaram o pregão.

Nesta segunda-feira (19), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,6552, com queda de 0,25% ante o real.



O movimento acompanhou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais como euro e libra, caía 0,72%, aos 100,377 pontos.

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O que mexeu com o dólar hoje?

O mercado de câmbio iniciou a semana movimentado por dados econômicos e declarações de autoridades do Banco Central brasileiro e norte-americano.

No cenário doméstico, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) ficou acima do esperado. A prévia do Produto Interno Bruto (PIB) subiu 0,8% em março, após uma alta de 0,5% em fevereiro, e acumula avanço de 4,2% em 12 meses. A expectativa dos analistas consultados pela Reuters era de uma alta de 0,5% na comparação mensal.

As declarações do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, porém, concentraram as atenções do dia. Galípolo disse que os juros devem permanecer elevados por mais tempo, mas sem fazer uma orientação futura (guidance).

“Para uma economia que temos uma dinâmica surpreendente nos últimos anos mesmo com uma taxa de juros num patamar mais restritivo, com a inflação e com as expectativas desancoradas, como a gente está vendo, a gente realmente precisa permanecer com uma taxa de juros num patamar bastante restritivo por um período bastante prolongado, essa é a nossa visão”, disse Galípolo durante o 12th Annual Brazil Macro Conference, evento do Goldman Sachs, em São Paulo.

As falas elevaram as apostas do mercado de que o ciclo de altas na Selic já chegou ao fim. Em linhas gerais, a taxa de juros brasileira elevada por mais tempo gera apetite a risco dos investidores estrangeiros no mercado local, dado o diferencial dos juros em relação aos EUA.

Além disso, o real ganhou força ante o dólar com o aumento da cautela sobre o cenário fiscal apesar da fraqueza das commodities.  “A possibilidade de estímulos adicionais na China e os sinais de recuperação da atividade econômica no país asiático contribuem para melhorar a percepção sobre ativos emergentes, incluindo o Brasil”, afirma Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.

Para ele, a valorização do real pode ganhar tração adicional nas próximas semanas, caso os desfechos das negociações comerciais entre China e EUA mantenham sinais positivos, — “favorecendo a entrada de recursos em mercados emergentes”.

Dólar fraco no exterior

No exterior, o dólar foi pressionado pelas incertezas sobre o cenário fiscal dos Estados Unidos, em meio a análise do Orçamento — que tende a elevar a dívida pública para aproximadamente US$ 37 trilhões, o que equivale a quase 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país — e o rebaixamento da nota de crédito pela Moody’s de “AAA” para “AA1”.

A Moody’s foi a última das três grandes avaliadoras de risco a manter o triplo A dos EUA. A S&P fez seu corte em 2011, durante o governo de Barack Obama, e a Fitch rebaixou em 2023, durante o governo de Joe Biden.

Somado a isso, o Comitê de Orçamento da Câmara aprovou o pacote orçamentário de Donald Trump, chamada por ele de “Beautiful Bill“, no último domingo (18).  A expectativa é de que a proposta seja votada no plenário ainda nesta semana.

A análise do mercado é de que o “Beautiful Bill” pode aumentar a dívida pública para aproximadamente US$ 37 trilhões, o que equivale a 7,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

“Em nossa opinião, o momento do rebaixamento não é mera coincidência. Com cortes de impostos e tarifas em jogo, a Moody’s parece estar enviando a mensagem de que acredita que essas mudanças de política colocarão os EUA em uma trajetória fiscal ainda pior. Ou seja, as receitas tarifárias não compensarão integralmente o custo do projeto de lei tributária proposto”, afirmou a equipe econômica do Bank of America (BofA).

A União Europeia e o Reino Unido também anunciaram um acordo comercial, retomando relações pós-Brexit — o que fortaleceu a libra esterlina ante o dólar.

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.

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