Dólar

Dólar cai a R$ 5,42 e atinge menor nível desde agosto com dados de emprego nos EUA e valorização das commodities

02 jul 2025, 17:05 - atualizado em 02 jul 2025, 17:17
Dólar, Iene, Euro, Mercados, Economia, Federal Reserve, EUA, Donald Trump, China
(Imagem: REUTERS/Dado Ruvic)

O dólar voltou a perder força em um dia agitado nos mercados. Os investidores dividiram as atenções com o avanço das negociações comerciais nos Estados Unidos, dados do mercado de trabalho norte-americano, forte avanço das commodities e declarações de autoridades do Banco Central e do governo do Brasil.

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Nesta quarta-feira (2), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,4202, com queda de 0,75% — no menor nível desde 19 de agosto de 2024.



O movimento acompanhou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, caía 0,05% aos 96.773 pontos.

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O que mexeu com o dólar hoje?

O dólar teve mais um dia perdas ante as moedas globais com os investidores acompanhando as negociações tarifárias dos Estados Unidos com países parceiros e novos dados do mercado de trabalho norte-americano.

No final da manhã desta quarta-feira (2), o presidente Donald Trump anunciou que chegou a um acordo comercial com o Vietnã: todos os produtos vietnamitas estarão sujeitos a uma taxa de importação de 20% e uma tarifa de 40% sobre reexpotações do país. Em troca, o país asiático abrirá o mercado integralmente aos produtos fabricados nos EUA, com isenção total de tarifas.

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Já no mercado de trabalho, o relatório ADP mostrou que o setor privado norte-americano perdeu 33.000 empregos em junho, sendo o primeiro declínio mensal desde março de 2023. Os economistas consultados pela Dow Jones esperavam um crescimento de 100.000 vagas.

Embora o ADP não tenha uma correlação com o relatório oficial de empregos, o payroll, os investidores voltaram a calibrar as apostas sobre a trajetória dos juros.

Após o dado, agentes financeiros passaram a ver 23% de chance de corte nos juros pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) na próxima reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que acontece no final deste mês. Ontem (1), a probabilidade era de 21%.

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Contudo, setembro ainda segue como o mês mais provável para início de cortes nos juros, sendo a aposta majoritária do mercado. A taxa básica de juros norte-americana está na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.

O payroll será divulgado amanhã (3) e a expectativa é de abertura de 110 mil postos de trabalho no mês passado.

O cenário fiscal dos EUA também continua no radar. O pacote orçamentário de Trump, conhecido como “Beautiful Bill“, aprovado no Senado deve ser novamente votado na Câmara dos Representantes, ainda sem data para a apreciação. A medida acrescentará cerca de US$ 3,3 trilhões à dívida pública do país.

Dólar cai ante real

A tensão entre o Executivo e o Legislativo sobre as mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) continuaram a concentrar as atenções dos investidores.

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Ontem (1), o governo entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para defender o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que elevava IOF e que foi derrubado pelo Congresso Nacional na semana passada. A decisão foi tomada após uma análise técnica da Advocacia-Geral da União (AGU).

Já hoje (2), o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a ação no STF “não pode ofender ninguém”. O chefe da pasta econômica também afirmou que as discussões do governo sobre o tema não são políticas, mas jurídicas.

“Uma pergunta para o Supremo Tribunal Federal sobre a legalidade do decreto do presidente, isso não pode ofender quem quer que seja. É uma pergunta natural de uma democracia”, afirmou Haddad a jornalistas em Buenos Aires, após reunião com ministros de Economia e presidentes de bancos centrais do Mercosul.

Em entrevista à TV Bahia, afiliada da TV Globo, o presidente Lula disse que não havia outra saída a não ser judicializar a questão do IOF. Segundo ele, a ação é uma medida para deixá-lo governar.

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Ainda nesta quarta-feira, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que o plano estudado pelo governo para cortar benefícios tributários pode gerar uma arrecadação adicional de R$ 20 bilhões em 2026, considerando uma estimativa conservadora.

Em evento promovido pelo Citi, em São Paulo, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, disse que “onde o câmbio vai parar” tem muito mais a ver com o comportamento do dólar no mundo do que com o desempenho do real, citando um nível de incerteza “bastante maior” no atual cenário.

Entre os dados econômicos, a produção industrial recuou 0,5% em maio na comparação com o mês anterior e avançou 3,3% ante o mesmo mês de 2024. Esse foi o segundo mês de contração consecutiva. Contudo, os resultados ficaram em linha com as expectativas do mercado.

Apesar das declarações e continuidade da cautela fiscal, o real ganhou força ante o dólar com apoio das commodities.

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Países emergentes e exportadores de commodities, como o Brasil, são impactados positivamente através do aumento dos preços das matérias-primas, como o minério de ferro — que avançou quase 2% hoje em Dalian, na China — e do petróleo Brent, que fechou com alta próxima a 3% em meio a retomada das tensões geopolíticas.

*Com informações de Reuters

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.