Dólar avança a R$ 5,66 com fraqueza das commodities e risco fiscal dos EUA

O dólar ganhou força ante a moeda brasileira após duas sessões consecutivas de perdas, com fraqueza das commodities.
A divisa norte-americana, porém, seguiu enfraquecida frente a moedas globais com a deterioração do cenário fiscal dos EUA.
Nesta terça-feira (20), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,6693, com alta de 0,25% ante o real.
O movimento destoou da tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais como euro e libra, caía 0,36%, aos 100,069 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
O mercado de câmbio operou em compasso de espera, em dia de ajustes e com poucos destaques no cenário doméstico.
Ante o real, o dólar ganhou força com a fraqueza das commodities. O contrato mais líquido do Brent para julho, por exemplo, fechou com recuo de 0,24%, a US$ 65,38 o barril na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres.
No exterior, a divisa norte-americana continuou de lado, em meio as incertezas sobre o cenário fiscal dos Estados Unidos e expectativa de anúncio de novos acordos tarifários pelo presidente norte-americano, Donald Trump. Até o momento, a Casa Branca fechou um acordo com o Reino Unido e uma trégua nas tarifas recíprocas com a China.
Em relação à questão fiscal, os investidores concentram as atenções nas discussões sobre o Orçamento no Congresso Nacional. O Comitê de Orçamento da Câmara aprovou o pacote orçamentário de Trump, chamada por ele de “Beautiful Bill“, no último domingo (18). A expectativa é de que a proposta seja votada no plenário ainda nesta semana.
Caso a proposta de Trump seja aprovada, a dívida pública norte-americana pode subir para aproximadamente US$ 37 trilhões, o que equivale a 7,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
O rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela Moody’s de “AAA” para “AA1” também seguiu repercutindo sobre o câmbio. A agência foi a última das três grandes avaliadoras de risco a manter o “triplo A” dos EUA. A S&P fez seu corte em 2011, durante o governo de Barack Obama, e a Fitch rebaixou em 2023, durante o governo de Joe Biden.
Segundo fontes à Bloomberg, gestores de fundos de pensão de Hong Kong alertaram para risco de venda forçada de Treasuries — que são os títulos do Tesouro norte-americanos — após o rebaixamento da nota dos EUA pela Moody’s. A associação local pediu que o governo permita manter os papéis mesmo sem rating AAA, para evitar impacto nos investimentos dos Fundos de Previdência Obrigatória.
Hoje (20), os rendimentos dos Treasuries renovaram máximas, atingindo a marca psicológica de 5%. Em linhas gerais, os títulos do Tesouro dos EUA são considerados o investimento mais seguro do mundo, pelo fato de o governo do país nunca ter dado calote na história e ainda ser o emissor da moeda — no caso, o dólar.