Dólar cai a R$ 5,47 com pressão de Trump sobre Fed

O dólar interrompeu a sequência de ganhos com pressão da Casa Branca sobre o Banco Central dos Estados Unidos e expectativa de redução nos juros norte-americanos. O “bloqueio” da Lei Magnitsky no Brasil continuou no foco dos investidores locais.
Nesta quarta-feira (20), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,4729, com queda de 0,51%.
O movimento acompanhou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, caía 0,01%, aos 98.253 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
O câmbio operou nesta quarta-feira (20) com as atenções concentrada no Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA).
A tensão entre a Casa Branca e o BC voltaram a aumentar. O presidente Donald Trump pediu a renúncia da diretora do Fed, Lisa Cook, após ela ser acusada de fraude hipotecária.
Na avaliação de Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, o embate entre o governo e o Fed pode aumentar as expectativas de juros futuros, já que um banco central independente é fundamental para a credibilidade das decisões de política monetária de um país.
Os investidores ainda repercutiram a ata da mais recente reunião do Fed. Na última reunião, o Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) manteve os juros inalterados na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano em uma decisão não unânime: Christopher Waller e Michelle Bowman discordaram da maioria e votaram em um corte de 25 pontos-base nos juros.
No documento, o Fomc, entre outros destaques, afirmou que é improvável que as tarifas comerciais anunciadas por Trump tenham efeitos persistentes sobre a inflação.
Já os dissidentes avaliaram que o risco de queda para o emprego aumentou “significativamente”, com a desaceleração do crescimento da atividade econômica e dos gastos do consumidor.
Para o estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, a ata refletiu aquilo que já estava na decisão dos dirigentes, que foi manter a taxa de juros inalterada. “Essa ata não corrobora a ideia de uma política monetária muito agressiva em termos de cortes de juros, que é algo que vem sendo defendido, por exemplo, pelo presidente Trump ou por alguns agentes de mercado. Essa ata não conversa com isso, ou pelo menos não foi o que deu a entender.”
Após a divulgação da ata, o mercado reduziu um pouco a probabilidade de uma redução de um 0,25 ponto percentual na taxa de juros norte-americana na próxima decisão, em setembro, de acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group. Perto do fechamento, os operadores observavam 82,9% de chance de o Fed cortar os juros, ante 86,6% de ontem (19).
O mercado ainda operou em modo de espera do Simpósio de Jackson Hole, que começa amanhã (21) em Wyoming, nos Estados Unidos. O presidente do Fed, Jerome Powell, vai discursar na próxima sexta-feira (22) e o mercado deve ficar atento a pistas sobre a trajetória futura dos juros.
No Brasil, o mercado continuou concentrado nos possível impactos da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, que determina que leis e decisões estrangeiras não podem afetar cidadãos, empresas ou bens no Brasil em relação a atos realizados no país.
Em entrevista à Reuters, Alexandre de Moraes, também ministro do STF, afirmou que tribunais brasileiros podem punir os bancos nacionais que bloquearem ou confiscarem ativos domésticos em resposta a ordens norte-americanas.
Moraes ainda disse que espera uma mudança de postura do presidente dos EUA, Donald Trump, para reverter as sanções impostas contra ele.
*Com informações de Reuters