Dólar dispara a R$ 5,40 com desvalorização das commodities e juros dos EUA no radar
Na volta do feriado e último pregão da semana, o dólar acelerou para forte alta em meio ao enfraquecimento das commodities e aumento das apostas de corte nos juros dos Estados Unidos.
Por volta de 13h15 (horário de Brasília), o dólar à vista (USDBRL) operava a R$ 5,4015, com alta de 1,18%. Na máxima intradia, a divisa atingiu R$ 5,4317 (+1,75%), na maior cotação desde agosto.
O movimento acompanhou a tendência externa. Por volta das 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, operava com alta de 0,02%, aos 100.181 pontos.
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Na semana, o dólar acumulou valorização de 1,97% ante o real.
O que mexe com o dólar hoje?
As expectativas de continuidade do ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos aumentaram nesta sexta-feira (21) e nortearam as operações de câmbio, em meio a novas declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA).
Em destaque, o presidente da unidade do Fed de Nova York, John Williams, afirmou que o BC ainda pode cortar os juros “no curto prazo”.
“Considero a política monetária moderadamente restritiva, embora um pouco menos do que antes de nossas recentes ações”, disse Williams em um discurso em Santiago, Chile.
“Portanto, ainda vejo espaço para um novo ajuste no curto prazo na meta para a taxa de juros dos fundos federais, a fim de aproximar a postura da política monetária da neutralidade, mantendo assim o equilíbrio entre a consecução de nossos dois objetivos”, acrescentou.
Na mesma linha, o diretor do Fed, Stephan Miran, afirmou que pode votar a favor de um corte de 0,25 ponto percentual nos juros na próxima reunião, em dezembro. Nas duas últimas reuniões, ele votou em uma redução maior, de 0,50 ponto percentual.
“Eu votaria com certeza em um corte de 25 pontos-base se meu voto fosse o voto decisivo, não há dúvida sobre isso”, disse Miran em entrevista à Bloomberg Television. “Fazer o contrário seria causar danos reais à economia por vaidade, e não é isso que eu sou.”
Após as declarações, o mercado consolidou as apostas de um novo corte nos juros norte-americanos, concentrando as atenções nas falas de Williams. Perto do fechamento, a ferramenta FedWatch, do CME Group, apontava 69,7% de chance de o Fed reduzir os juros para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano. Ontem (20), a probabilidade era de 39,1%. A expectativa de manutenção dos juros caiu de 60,9% ontem para 30,3% hoje.
Além do cenário internacional, o real também perde força ante o dólar com o enfraquecimento das commodities, já que o Brasil é um país exportador. Na China, o contrato futuro do minério de ferro, com vencimento em janeiro, caiu 0,32%, a 785,50 yuans (US$ 110,43) a tonelada, na Bolsa de Dalian.
Já o contrato mais líquido do petróleo Brent, também para janeiro, fechou com queda de 1,29%, a US$ 62,56 o barril na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres.
A redução das tarifas sobre produtos brasileiros à importação nos Estados Unidos ficaram em segundo plano.
Na noite de ontem (20), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto suspendendo as tarifas de 40% sobre determinados produtos agrícolas importados do Brasil. Ao todo, 238 produtos voltaram a ser isentos, entre eles estão café, carne bovina e frutas.
A medida é retroativa e vale para mercadorias que chegaram aos EUA a partir de 13 novembro — data em que o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário do Estado norte-americano, Marco Rubio, se reuniram em Washington.
Nas contas do Goldman Sachs, os produtos isentos representam aproximadamente 10% de todas as exportações brasileiras para os EUA. Ainda de acordo com os cálculos do banco, mais da metade das exportações brasileiras para os EUA já estão isentas da tarifa de 40%.
No final da tarde, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou que 22% das exportações brasileiras para os Estados Unidos seguem sujeitas ao tarifaço.