Dólar tem leve alta e fecha a R$ 5,47 com cenário político e expectativa por Powell

Com escalada da aversão a risco de olho na tensão comercial entre o Brasil e os Estados Unidos e a redução das apostas de corte nos juros norte-americanos, o dólar ganhou força ante o real e as moedas globais.
Nesta quinta-feira (21), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,4791, com alta de 0,11%.
O movimento acompanhou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, subia 0,44%, aos 98.659 pontos.
- LEIA MAIS: Comunidade de investidores Money Times reúne tudo o que você precisa saber sobre o mercado; cadastre-se
O que mexeu com o dólar hoje?
O cenário político concentrou os holofotes do mercado e movimentou o câmbio nesta quinta-feira (21).
Os investidores repercutiram a pesquisa Genial/Quaest, divulgada hoje pela manhã. No levantamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidera a disputa eleitoral do primeiro turno pela Presidência da República e abriu vantagem sobre os demais adversários em todos os cenários de segundo turno.
No levantamento das intenções de voto para o primeiro turno, Lula lidera com percentuais que variam entre 34% e 35% a depender do adversário. Jair Bolsonaro alcança 28%; Michelle Bolsonaro conquista 21% e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) chega aos 17%, enquanto os filhos de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), registram 15% e 14%, respectivamente.
Nos cenários de 2º turno, Lula também conseguiu se distanciar dos demais. Dentre os possíveis adversários do atual presidente, Tarcísio de Freitas é o que mais se aproxima. Lula tem 43%, enquanto Tarcísio registra 35%. Em julho, Lula estava empatado com o governador de São Paulo no limite da margem de erro em um eventual 2º turno.
A pesquisa foi realizada entre os dias 13 e 17 de agosto, com 12.150 entrevistas presenciais. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Além disso, o temor de escalada da tensão entre os Estados Unidos e o Brasil, incluindo uma possível nova retaliação da Casa Branca, teve reflexo nas negociações domésticas.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, deu 48 horas para o ex-presidente Jair Bolsonaro explicar um suposto plano de fuga para a Argentina e o possível descumprimento da medida cautelar que o impede de usar redes sociais.
No exterior, o dólar também ganhou força em dia de atenções divididas entre dados econômicos nos Estados Unidos e declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), além do início do Simpósio de Jackson Hole.
Entre os dados, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto dos Estados Unidos — que engloba os setores de manufatura e serviços —subiu 55,1 em julho para 55,4 em agosto, segundo dados preliminares da S&P Global. Esse é o maior patamar em oito meses.
O resultado ficou acima das expectativas dos economistas: o consenso era de queda para 54,5 no mês. PMIs acima de 50 indicam expansão da atividade econômica.
Por outro lado, os pedidos iniciais de auxílio-desemprego subiram em 11.000 – o maior aumento desde o final de maio – para 235.000 em dado com ajuste sazonal, na semana encerrada em 16 de agosto, informou o Departamento do Trabalho do país. Os economistas consultados pela Reuters previam 225.000 pedidos no período.
Sobre a política monetária, a presidente da unidade do Fed de Cleveland, Beth Hammack, disse que, com base na situação atual da economia, os problemas contínuos com a inflação significam que não é o momento de reduzir os juros.
Na mesma linha, o presidente da unidade do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid, afirmou que as tarifas comerciais mais altas estão aumentando o risco de inflação até o fim do ano. Ele também disse que os riscos de inflação no momento superam os riscos de problemas no mercado de trabalho.
Após as declarações dos dirigentes, o mercado reduziu um pouco a probabilidade de uma redução de um 0,25 ponto percentual na taxa de juros norte-americana na próxima decisão, em setembro, de acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group. Perto do fechamento, os operadores precificavam 73,5% de chance de o Fed cortar os juros, ante 82,4% de ontem (20).
A expectativa agora é pelo discurso do presidente do Fed, Jerome Powell. Ele discursa amanhã (21) no Simpósio de Jackson Hole e o mercado deve ficar atento a pistas sobre a trajetória futura dos juros.