Dólar tem leve queda e fecha a R$ 5,39 com juros nos EUA e Galípolo
O dólar perdeu força em dia orientado por declarações de diretores do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) e do presidente do BC brasileiro, Gabriel Galípolo.
O dólar à vista (USDBRL) encerrou a sessão a R$ 5,3950, com queda de 0,12%.
O movimento acompanhou a tendência externa. Por volta das 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, operava com baixa de 0,02%, aos 100.162 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
A política monetária mantém concentrada as atenções dos investidores e as movimentações no mercado de câmbio.
Nos Estados Unidos, as apostas de novo corte nos juros pelo Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) saltaram para 80%. Perto do fechamento, a ferramenta FedWatch, do CME Group, apontava 80,9% de chance de o Fed reduzir os juros para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano. Na última sexta-feira (24), a probabilidade era de 71,0%. Por sua vez, a expectativa de manutenção dos juros caiu de 29,0% para 19,1% hoje.
A precificação da continuidade do ciclo de afrouxamento monetário foi reforçada por novos comentários de diretores do Fed.
Em destaque, o diretor Christopher Waller afirmou que dados disponíveis indicam que o mercado de trabalho dos EUA continua fraco o suficiente para justificar outro corte nos juros na próxima reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que acontece entre os dias 9 e 10 de dezembro.
Desde a última reunião do Fed, “a maior parte dos dados do setor privado e dos dados anedóticos que obtivemos é que nada realmente mudou. O mercado de trabalho está fraco. Ele continua enfraquecido”, e espera-se que a inflação diminua, disse Waller no programa Mornings with Maria, da Fox Business.
Nos últimos dias, alguns dirigentes do BC norte-americano têm dado declarações divergentes sobre a trajetória dos juros, enquanto o mercado tem fortalecido a expectativa por uma nova redução.
Em linhas gerais, quanto mais o Fed reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atrativo à medida que os rendimentos dos Treasuries caem, gerando apetite por risco em outros mercados com juros mais altos, como o Brasil.
Juros no Brasil
Além do cenário internacional, o real também ganhou força ante o dólar com a valorização das commodities, já que o Brasil é um país exportador. Na China, o contrato futuro do minério de ferro, com vencimento em janeiro, subiu 0,44%, a 790,50 yuans (US$ 111,23) a tonelada, na Bolsa de Dalian.
Já o contrato mais líquido do petróleo Brent, também para fevereiro, fechou com alta de 1,25%, a US$ 62,72 o barril na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres.
As falas do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, também movimentaram o câmbio. Em evento na Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o dirigente reforçou que o BC está dependente de dados e que está “insatisfeito” com expectativas de inflação. Ele ainda disse que as críticas do governo à taxa de juros “não incomodam”.
“Toda vez que for necessário, o BC vai usar a taxa de juros”, acrescentou.
Por sua vez, o mercado reduziu as projeções para a Selic no próximo ano. Os economistas consultados pelo BC reduziram as projeções para a taxa de juros de 12,25% para 12% em 2026, no Boletim Focus desta segunda-feira (24). Para este ano, a estimativa da taxa segue em 15% ao ano.
As expectativas para inflação também foram ajustadas para baixo. Os economistas veem o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) a 4,45% no final de 2025, ante a 4,46% há uma semana. Essa é a segunda redução consecutiva, com a projeção dentro do intervalo de tolerância da meta perseguida pela autarquia, de 3% com margem de 1,5 ponto percentual.