Dólar recua a R$ 5,37 com política monetária nos EUA e do Brasil em foco
A política monetária continua a ditar as movimentações do dólar, com a consolidação das apostas de um novo corte nos juros dos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed) e a percepção de proximidade de início do afrouxamento monetário no Brasil.
O dólar à vista (USDBRL) encerrou a sessão desta terça-feira (25) a R$ 5,3767, com queda de 0,34%.
O movimento acompanhou a tendência externa. Por volta das 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, operava com baixa de 0,48%, aos 99.666 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
O mercado de câmbio segue à mercê da política monetária.
Nos Estados Unidos, as apostas de novo corte nos juros pelo Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) se mantiveram majoritárias. Perto do fechamento, a ferramenta FedWatch, do CME Group, apontava 84,7% de chance de o Fed reduzir os juros para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano. Ontem, a probabilidade era de 84,4%. Por sua vez, a expectativa de manutenção dos juros caiu de 15,6% para 15,3% hoje.
A próxima reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), acontece entre os dias 9 e 10 de dezembro.
Mais uma vez, a precificação da continuidade do ciclo de afrouxamento monetário foi reforçada por novos comentários de diretores do Fed e dados econômicos.
Em destaque, o diretor do Fed Stephen Miran afirmou que a deterioração do mercado de trabalho está ocorrendo por causa da meta de taxa de juros de curto prazo estabelecida pelo Banco Central.
“Precisamos reconhecer que a taxa de desemprego vem subindo, e isso é resultado de uma política monetária excessivamente restritiva”, disse Miran em uma entrevista à Fox Business.
“Minha preocupação é que, se não continuarmos a reduzir os juros e o fizermos em um ritmo razoavelmente rápido”, a taxa de desemprego continuará a subir e “seremos a fonte de aumentos contínuos no desemprego, o que não é bom”.
Na última decisão do Fomc, Miran foi um dos votos dissidentes, optando por uma redução maior de 0,50 ponto percentual.
Já entre os dados, o índice de confiança do consumidor, caiu para 88,7 neste mês, de 95,5 em outubro (em dado revisado para cima), segundo a Conference Board. Os economistas consultados pela Reuters previam queda para 93,4, de 94,6 em outubro informado anteriormente.
As vendas no varejo norte-americano tiveram alta de 0,2% em setembro após um ganho não revisado de 0,6% em agosto, segundo o Departamento de Comércio do país, ante a expectativa de avanço de 0,4% no mês.
O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) aumentou 0,3%, após uma queda não revisada de 0,1% em agosto, em linha com as projeções do mercado.
Além disso, o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, disse que está concluindo uma segunda rodada de entrevistas para um novo presidente do Fed. De acordo com ele, há uma “boa chance” de o presidente Donald Trump anunciar sua escolha antes do Natal. O mandato do atual presidente do BC, Jerome Powell, encerra em maio.
Um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrânia também seguiu no radar. Um funcionário dos EUA disse à CBS News que a Ucrânia “aceitou o acordo de paz”, ressaltando que ainda faltam ajustes finais antes da conclusão.
Juros no Brasil
Além do cenário internacional, o dólar perdeu força ante o real com a precificação do mercado de que o início do ciclo de cortes na Selic está próximo.
Pela manhã, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, disse que uma elevação na Selic não está mais no cenário-base da autoridade monetária
Em evento promovido pela EuroFinance, em São Paulo, David afirmou que o nível de incerteza no ambiente é grande, o que não permite ao BC “baixar muito a guarda”, mas ponderou que dados econômicos estão convergindo para o cenário esperado pelo BC.
“A gente basicamente falou: ainda que o Banco Central não hesitará em aumentar os juros, se necessário for, hoje aumentar os juros não está mais no cenário-base do Banco Central, nem na distribuição”, disse. “Hoje o esperado, se formos bem-sucedidos, é que o próximo movimento seja de corte. A questão só é quando.”
Novas declarações do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, também movimentaram o câmbio. Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, o dirigente reforçou que o BC não pode perseguir o limite superior da meta de inflação, de 4,5%, mas sim o centro do alvo, de 3%.
“A meta não é a banda superior. A banda foi feita para que, dado que (a inflação) oferece flutuações. cCriou-se um ‘buffer‘ para amortecer eventuais flutuações. Mas de maneira nenhuma a meta é de 4,5%”, afirmou Galípolo no Senado. “Tenho que perseguir uma meta de inflação de 3%”, reforçou.