Dólar ignora valorização das commodities e sobe a R$ 5,56 no penúltimo pregão de 2025
Com fluxo de saída de capital, o dólar avançou a despeito da forte valorização das commodities. Incertezas sobre os cenários eleitoral e geopolítico, além do risco institucional no radar, movimentaram o câmbio.
Nesta segunda-feira (29), o dólar à vista (USDBRL) encerrou a sessão a R$ 5,5689, com alta de 0,44%.
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O movimento acompanhou a tendência externa. Por volta das 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, subia 0,01%, aos 98.029 pontos.
O que mexeu com o dólar hoje?
Com a liquidez limitada nos mercados e incertezas sobre o cenário geopolítico, o dólar ganhou força ante as moedas globais e emergentes – mesmo com a forte valorização das commodities. Os contratos futuros do minério de ferro tiveram alta de 2,58%, a 796,5 yuans (US$ 113,66) a tonelada na Bolsa de Dalian, na China; já o petróleo Brent, com vencimento para março, fechou com avanço de 2,07%, a US$ 61,49 o barril na Intercontinental Exchange (ICE), em Londres.
Os investidores acompanharam os desdobramentos das tratativas de um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia, mediadas pelos Estados Unidos, além da tensão entre os EUA e a Venezuela.
O mercado ficou ainda à espera da ata da última decisão do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA). No início do mês, o Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) cortou os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano, como o esperado. Essa foi a terceira redução consecutiva.
No cenário doméstico, novos dados e pesquisas eleitorais dividiram as atenções, além da precificação do risco institucional com o Banco Central (BC) e a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) no Caso Master em foco.
Entre os dados, o governo central registrou um déficit primário de R$ 20,172 bilhões em novembro, segundo dados do Tesouro Nacional. Os economistas consultados pela Reuters projetavam um rombo menor para o mês, de R$ 13,5 bilhões.
No ano, o governo central – que compreende as contas do Tesouro Nacional, da Previdência Social e do Banco Central – acumulou um déficit de R$ 83,823 bilhões. Excluindo despesas que não são computadas para o cálculo da meta fiscal para o ano, em especial com precatórios, o déficit está em R$ 40,4 bilhões.
A meta de resultado primário do ano é de déficit zero com uma banda de tolerância de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a R$ 31 bilhões.
Em entrevista a jornalistas, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, disse que a previsão é que o governo registre um superávit de cerca de R$ 20 bilhões em dezembro, com um reforço de receitas de dividendos da ordem de R$ 13 bilhões, e feche o ano “mais próximo do centro do que do piso” da meta.
Já o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) teve variação negativa de 0,01% em dezembro, encerrando o ano com queda acumulada de 1,05%.
Mais cedo, o Relatório Focus mostrou que os economistas consultados pelo BC voltaram a reduzir marginalmente suas expectativas para a inflação neste ano e no próximo.
Os economistas reduziram a estimativa para o IPCA em 2025 a 4,32%, de 4,33% estimados há uma semana, no que foi o sétimo corte consecutivo da projeção. Para 2026, a expectativa teve a sexta queda consecutiva, para uma mediana de 4,05%, de 4,06% na semana anterior. As projeções para a Selic foram mantidas: os juros devem encerrar o próximo ano a 12,25%.