Dólar perde força com manutenção do ‘shutdown’ nos EUA e tem leve queda a R$ 5,33

O dólar interrompeu a sequência de ganhos consecutivos com a expectativa de que a paralisação (shutdown) dos Estados Unidos perdure pela próxima semana, pelo menos. O cenário eleitoral e novos dados econômicos domésticos deram breve fôlego ao real.
Nesta sexta-feira (3), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,33966, com queda de 0,05%.
O movimento acompanhou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, caía 0,16%, aos 97,691 pontos.
Na semana, a divisa norte-americana acumulou baixa de 0,03% ante o real.
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O que mexeu com o dólar hoje?
A paralisação (shutdown) do governo dos Estados Unidos, que começou nesta quarta-feira (1º), deve se estender para a próxima semana.
Nesta quarta-feira (3), o Senado rejeitou novamente duas propostas orçamentárias que poderiam encerrar o shutdown. Sendo assim, a paralisação deve se manter até, pelo menos, a próxima semana.
Até agora, o presidente norte-americano, Donald Trump, congelou US$ 26 bilhões destinados aos Estados de tendência democrata e ameaçou demitir mais funcionários federais, além dos 300.000 que ele terá forçado a sair até o final do ano.
A paralisação, a 15ª desde 1981, também suspendeu a pesquisa científica, os relatórios de dados econômicos, a regulamentação financeira e uma ampla gama de outras atividades. O temor é de que a ausência de dados interfira na próxima decisão do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), prevista para o final do mês.
Novas declarações de dirigentes do Fed também disputaram as atenções dos investidores.
O vice-chair do Fed, Philip Jefferson, reiterou que o mercado de trabalho dos Estados Unidos poderá enfrentar estresse se não for apoiado pela política monetária.
Em comentários preparados para serem apresentados na LeBow College of Business da Drexel University, Jefferson repetiu amplamente os comentários do início da semana de que, com a inflação acima da meta de 2% do Fed e o mercado de trabalho parecendo enfraquecer, “ambos os lados de nosso mandato estão sob pressão”.
“Vejo os riscos para o emprego como inclinados para o lado negativo e os riscos para a inflação para o lado positivo”, sendo que o corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros na última reunião do Fed foi apropriado como uma forma de apoiar o mercado de trabalho com uma política monetária ligeiramente mais flexível, “mantendo uma abordagem equilibrada para promover nossos objetivos de mandato duplo”, disse Jefferson.
Por aqui, o cenário eleitoral continuou no radar. O mercado reagiu à possibilidade de o ex-presidente Jair Bolsonaro ter dado o aval a candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) à presidência nas eleições de 2026 com a condição de ter a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro seja candidata a vice-presidente.
O cenário fiscal também seguiu movimentando o câmbio, além de dados domésticos. Entre eles, a produção industrial do Brasil cresceu mais do que o esperado em agosto depois de quatro meses de fraqueza.
Em agosto, a indústria nacional registrou avanço de 0,8% em relação ao mês anterior, resultado que ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,3%. Esse foi o maior avanço mensal desde março, quando a produção das fábricas cresceu 1,7%.
Na avaliação de Sara Paixão, analista de Macroeconomia da InvestSmart XP, o resultado corrobora para postura cautelosa que o Comitê de Política Monetária (Copom) adotou em relação a taxa Selic.
“Apesar de os dados apontarem para desaceleração na atividade econômica durante o segundo semestre, ainda há certa volatilidade nos indicadores e o mercado de trabalho continua aquecido. Porém, de modo geral, o desempenho da indústria em agosto não deve alterar a tendência de enfraquecimento vista durante os últimos meses, principalmente em função da taxa de juros em patamares restritivos, que tende a limitar a expansão do crédito”, afirmou a analista.
*Com informações de Reuters