Dólar recua mais de 1% no último pregão com desemprego na mínima histórica e encerra o ano a R$ 5,48
O dólar encerrou o ano de 2025 em queda ante o real com taxa de desemprego na mínima histórica.
Nesta terça-feira (30), o dólar à vista (USDBRL) encerrou a sessão a R$ 5,4890, com baixa de 1,43%.
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O movimento destoou da tendência externa. Por volta das 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, subia 0,20%, aos 98.238 pontos.
No ano, o dólar acumulou desvalorização de 11,18% ante o real, o pior desempenho anual desde 2016.
O que mexeu com o dólar hoje?
Com a liquidez limitada nos mercados e maior volatilidade da formação da Ptax, o dólar encerrou a última sessão do ano enfraquecido ante o real.
Calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros tentam direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).
Hoje, a Ptax encerrou com baixa de 1,28%, a R$ 5,5024.
O câmbio também foi agitado por dados de emprego no Brasil.
A taxa de desemprego no Brasil ficou em 5,2% nos três meses até novembro, menor nível da taxa histórica iniciada em 2012, com novos recordes na renda e no número de pessoas ocupadas, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
Os economistas esperavam que a taxa ficaria em 5,4%, segundo a mediana das previsões em pesquisa da Reuters.
Em um sinal da resiliência do mercado de trabalho mesmo em meio aos juros elevados, o desemprego recuou 0,4 ponto percentual frente ao trimestre móvel anterior (junho a agosto de 2025) e caiu 0,9 ponto sobre o mesmo período de 2024.
Na avaliação de Claudia Moreno, economista do C6 Bank, os dados reforçaram a expectativa de manutenção da taxa Selic em 15% na reunião de janeiro do Copom, mas com início da flexibilização em março.
Para ela, o mercado de trabalho continuará forte ao longo dos próximos meses e deve encerrar o ano de 2026 abaixo de 6%. “O ciclo de cortes deve começar em março, com os juros chegando a 13% no fim de 2026.”
Novos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) também foram divulgados hoje. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Brasil abriu 85.864 vagas formais de trabalho no mês passado, acima da expectativa do mercado de abertura de 75 mil vagas.
No acumulado do ano até novembro, foram criadas 1.895.130 vagas, resultado abaixo do registrado no mesmo período em 2024, que teve abertura de 2.126.843 vagas. A diferença representa uma queda de 10,9%.
O economista Rodolfo Margato, da XP, avalia que os dados de emprego formal reforçam o cenário de “pouso suave”. “O cenário de taxa de desemprego historicamente baixa e salários em alta persiste”.
Nas contas dele, a taxa de desemprego atingirá 5,5% ao final de 2025 e 6,0% ao final de 2026.
“A demanda doméstica tende a acelerar ao longo do próximo ano, na esteira de medidas de estímulo à renda e ao crédito. Ademais, ainda há elevada incerteza quanto aos efeitos da escassez de mão de obra (labor shortage) sobre as estatísticas do CAGED e da PNAD”.
De olho nos juros dos EUA
No final da tarde, o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) divulgou a ata da última reunião de política monetária.
Os diretores do Fed expressaram confiança de que a economia continuaria a se expandir em um ritmo “moderado”, embora tenham identificado riscos de queda no emprego e riscos de alta na inflação.
“Alguns dos que apoiaram a redução da taxa básica de juros nesta reunião indicaram que a decisão era delicada ou que poderiam ter apoiado a manutenção da meta inalterada”, acrescentou o documento.
No início do mês, o Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) cortou os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano, como o esperado. Essa foi a terceira redução consecutiva.
A decisão, mais uma vez, não foi unânime: Stephen Miran votou pelo corte de 0,50 ponto percentual, enquanto Austan Goolsbee e Jeffrey Schmid optaram por manter o Fed Funds na faixa de 3,75% a 4,00% ao ano. Sendo assim, o placar ficou 9 a 3, a maior dissidência desde setembro de 2019.
*Com informações de Reuters