Dólar ganha força com tensão comercial entre EUA e China e sobe a R$ 5,71

O dólar finalizou a semana e o mês em alta com a guerra tarifária dos Estados Unidos em foco e novos dados de atividade econômica brasileira.
Nesta sexta-feira (30), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,7195, com alta de 0,93% ante o real.
O movimento acompanhou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais como euro e libra, caía 0,52%, aos 99,358 pontos.
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O mercado de câmbio foi marcado pela alta volatilidade e, na semana, o dólar acumulou avanço de 1,28%. Em maio, a divisa teve valorização de 0,76%.
O que mexeu com o dólar hoje?
O dólar ganhou força ante as moedas globais com a escalada das tensões entre Estados Unidos e China, em meio às incertezas sobre a política tarifária de Donald Trump.
Nesta sexta-feira (30), Trump disse que a China violou um acordo entre os dois países para reduzir mutuamente as tarifas e as restrições comerciais sobre minerais essenciais e emitiu uma nova ameaça velada de que pode ser mais agressivo com Pequim.
“A China, talvez não de forma surpreendente para alguns, tem violado totalmente seu acordo com os EUA, disse o chefe da Casa Branca em publicação no Truth Social.
No final da tarde, Trump afirmou a jornalistas na sede do governo norte-americano que conversará com o presidente da China, Xi Jinping, e espera resolver suas divergências sobre comércio e tarifas.
As declarações de Trump aconteceram após o secretário do Tesouro, Bessent, afirmar que as negociações comerciais entre as duas maiores economias do mundo “estão um pouco paralisadas”, em uma entrevista à Fox News.
Na véspera (29), os investidores acompanharam a disputa entre a Casa Branca e o judiciário norte-americano na questão tarifária. Na noite da última quarta-feira (28), o Tribunal de Comércio Internacional suspendeu a maioria das tarifas de Trump, mas um tribunal de apelações concedeu uma suspensão das medidas da Corte e permitiu que as tarifas permaneçam em vigor até a próxima semana.
Os dados macroeconômicos também movimentam o pregão de hoje. Entre eles, o Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE), o indicador inflacionário favorito do Federal Reserve que desacelerou para 2,1% na base anual em abril, um pouco abaixo do 2,2% esperado.
Dólar também sobe ante o real
O dólar também perdeu força ante o real. Por aqui, os investidores reagiram a novos dados econômicos. Entre eles, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,4% nos primeiros três meses do ano, puxado pelo agronegócio — principalmente pelas culturas de soja e milho. O resultado, porém, ficou pouco abaixo do esperado.
Na avaliação do Banco Daycoval, o resultado do PIB no primeiro trimestre deixou um carregamento estatístico de 2,2% para o ano — que é também a projeção do banco. “Isso não significa que esperamos crescimento zero nos próximos trimestres, mas sim que o ritmo deve ser mais moderado em relação ao início do ano”, afirma Antonio Ricciardi, economista do Daycoval.
As discussões sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em Brasília continuaram no radar.