Dólar

Dólar cai a R$ 5,43, menor nível desde setembro, com Caged ‘fraco’ e incertezas sobre os EUA

30 jun 2025, 17:09 - atualizado em 30 jun 2025, 17:17
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O dólar perdeu força ante o real pela terceira sessão consecutiva em meio à incertezas sobre acordos dos EUA e dados de emprego no Brasil (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli/Illustration)

O dólar encerrou a sessão com tripla queda. A moeda foi enfraquecida por incertezas sobre as tarifas de Donald Trump, o avanço da proposta que aumenta o déficit dos Estados Unidos no Congresso norte-americano e dados de emprego no Brasil.

Nesta segunda-feira (30), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,4341, com queda de 0,89% — no menor nível desde setembro de 2024.



O movimento acompanhou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, caía 0,58% aos 96.820 pontos.

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No mês, o dólar acumulou queda de 4,99% ante o real. Já no semestre, a divisa norte-americana desvalorizou 12,07% ante a moeda brasileira. 

O que mexeu com o dólar hoje?

O dólar, medido pelo DXY, chegou a atingir a mínima em três anos nesta segunda-feira (30), em meio às incertezas sobre a política tarifária de Donald Trump e o avanço da proposta que prevê um aumento bilionário do déficit público dos Estados Unidos no Congresso norte-americano.

Em entrevista a repórteres, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que Trump deve se reunir com a equipe comercial do governo para definir as tarifas para os países parceiros que não negociaram as taxas ainda nesta semana. A trégua tarifária, iniciada em meados de abril, expira em 9 de julho.

Ainda nesta segunda-feira, os senadores articulam a votação do projeto de lei de corte de impostos e aumento dos gastos proposto pelo presidente norte-americano, conhecido como “Beautiful Bill“.

No fim de semana, os parlamentares republicanos apresentaram uma “nova versão” da proposta com o acréscimo de á US$ 3,3 trilhões à dívida do país, cerca de US$ 800 bilhões a mais do que o texto aprovado pela Câmara dos Representantes no mês passado.

Segundo as estimativas do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), o impacto do projeto de lei sobre a dívida federal deve ser de US$ 36,2 trilhões.

Se o Senado conseguir aprovar o projeto de lei, a matéria retorna à Câmara.

A pressão de Trump sobre o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) também movimentou o câmbio. Também segundo a secretária de imprensa da Casa Branca, Trump escreveu uma carta para o presidente do Banco Central, Jerome Powell, para abaixar os juros. A taxa básica de juros norte-americana está na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.

Leavitt mostrou uma cópia das anotações manuscritas de Trump para Powell em um pedaço de papel mostrando as taxas de juros cobradas por mais de duas dúzias de países. Trump já afirmou várias vezes que a taxa de juros dos EUA deveria ser reduzida em 1% — o que levaria a faixa de 3,25% a 3,50% ao ano.

“Se ele estivesse fazendo seu trabalho corretamente, nosso país estaria economizando trilhões de dólares em custos de juros”, disse Trump em uma publicação no Truth Social, logo após a coletiva de imprensa da Casa Branca. “Deveríamos estar pagando juros de 1%, ou melhor!”

Dólar cai ante o real

O dólar estendeu as perdas ante o real pelo terceiro dia consecutivo e atingiu o menor nível do ano.

No cenário doméstico, o mercado reagiu a uma bateria de dados econômicos.

Pela manhã, o Banco Central informou que a dívida pública bruta do país como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) fechou maio em 76,1%, contra 76,0% no mês anterior. Já a dívida líquida do setor público foi a 62,0%, de 61,5%.

Os resultados ficaram abaixo dos esperados pelo mercado: as expectativas em pesquisa da Reuters eram de 76,6% para a dívida bruta e de 62,0% para a líquida.

Os dados de empregos também foram destaque. O Brasil abriu 148.992 vagas formais de trabalho em maio, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

O resultado do mês passado ficou abaixo da expectativa de economistas apontada em pesquisa da Reuters, de criação líquida de 179 mil vagas.

A desaceleração em relação a abril foi considerada positiva pelo mercado como uma sinalização de leve redução da atividade econômica — o que reduziria, em tese, a inflação. “A geração de vagas deve moderar ao longo de 2025”, avaliou Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo.

Além disso, as discussões sobre as mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) continuam a movimentar os corredores do Palácio do Planalto. Hoje (30), o presidente da Câmara dos DeputadosHugo Motta, negou que o governo teria sido traído na votação que derrubou o decreto do IOF. 

O Congresso derrubou a medida que elevava as alíquotas do tributo sobre crédito para empresas, câmbio e previdência privada na última quarta-feira (25). Dois dias depois, na sexta-feira (27), o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ingressar com ação no Supremo Tribunal Federal (STF).

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
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