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Dólar tem 2º dia de ganhos e fecha a R$ 5,67 com cautela fiscal e dados nos EUA

15 maio 2025, 17:02 - atualizado em 15 maio 2025, 17:08
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O dólar à vista estendeu os ganhos pela 2ª sessão consecutiva com a retomada das incertezas sobre o cenário fiscal e derrocada do petróleo (Imagem: iStock.com/Aslan Alphan)

O dólar estendeu os ganhos da véspera com o aumento da cautela doméstica sobre os gastos públicos, em meio a rumores de que o Palácio do Planalto esteja estudando novas medidas para alavancar a popularidade do governo. Os dados mais fracos de inflação nos Estados Unidos limitaram o avanço da divisa sobre a moeda brasileira.

Nesta quinta-feira (15), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,6788, com alta de 0,82% ante o real. 



O movimento destoou da tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais como euro e libra, caía 0,24%, aos 100,801 pontos.

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O que mexeu com o dólar hoje?

Um bateria de dados locais e nos Estados Unidos movimentaram o mercado de câmbio nesta quinta-feira (15).

No cenário doméstico, o mercado reagiu a novos dados econômicos. As vendas no varejo cresceram 0,8% em março na comparação com o mês anterior, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado levou o setor a atingir o maior nível da série iniciada em janeiro de 2000, superando o nível recorde anterior, de fevereiro de 2025.

O dado, porém, ficou abaixo da expectativa dos analistas consultados pela Reuters, de avanço de 1,0%.

Além disso, a preocupação fiscal voltou ao radar, com rumores de que o governo possa anunciar novas medidas nos próximos meses, entre elas um novo Vale Gás a entregadores de aplicativos, um reajuste do Bolsa Família e um programa do Ministério da Saúde para uso de estruturas de hospitais particulares para cirurgias do Sistema Único de Saúde (SUS).

No final da tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a equipe econômica está preparando medidas pontuais para assegurar o cumprimento da meta fiscal, que serão discutidas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana, ressaltando não haver estudo sobre eventual reajuste do Bolsa Família.

Em entrevista a jornalistas, Haddad não mencionou ações específicas da sua pasta e se limitou a dizer que medidas avaliadas pelo governo visam respeitar regras do arcabouço fiscal.

“As únicas medidas que estão sendo preparadas para levar ao conhecimento do presidente semana que vem são medidas pontuais para o cumprimento da meta fiscal, como nós fizemos no ano passado”, disse o ministro.

A moeda brasileira também foi pressionada pela queda de mais de 2% do petróleo Brent após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que o país e o Irã estão se aproximando de um acordo nuclear, o que poderia levar ao fim das sanções sobre o óleo iraniano.

Dólar fraco no exterior

No exterior, os investidores seguiram acompanhando a viagem de Trump ao Oriente Médio.

Hoje (15), a Casa Branca anunciou uma parceria entre os EUA e os Emirados Árabes Unidos para a criação de um enorme campus de inteligência artificial.

O data center de Abu Dhabi será construído pela empresa dos Emirados G42, que fará parceria com diversas empresas norte-americanas para a instalação, de acordo com o comunicado do Departamento de Comércio. Ele terá capacidade de 5 gigawatts e cobrirá 25 quilômetros quadrados.

Os dados econômicos também dividiram as atenções dos investidores. Entre eles, o Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) registrou queda de 0,5% em abril, ante expectativa de alta de 0,2%. Na comparação anual, houve alta de 2,4%, ligeiramente abaixo da projeção de 2,5%.

O núcleo do PPI — que exclui itens voláteis como energia —  caiu 0,1% em abril, depois de uma alta de 0,2% no mês anterior, e desacelerou de 3,5% para 2,9% no acumulado em 12 meses.

Novas declarações do presidente do Federal ReserveJerome Powell, também chamaram a atenção do mercado. O chefe do BC norte-americano disse o Fed segue  comprometido em levar a inflação à meta de 2%. Segundo ele, o PCE — principal referência de inflação norte-americana — deve ficar em torno de 2,2% em abril na base anual.

Em discurso na Thomas Laubach Research Conference, em Washington, Powell também afirmou que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) está reavaliando elementos centrais da estratégia adotada em 2020 — como o foco em “insuficiências” (shortfalls) de emprego e o conceito de média da meta de inflação — à luz da nova realidade econômica.

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.