Dólar recua mais de 1% e fecha a R$ 5,58, no menor nível em 8 meses, após conversa entre Trump e Xi

O dólar perdeu força ante moedas emergentes com o possível avanço das negociações tarifárias entre os Estados Unidos e a China, as duas maiores economias do mundo.
Nesta quinta-feira (5), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,5845, com queda de 1,08% ante o real, no menor nível desde 14 de outubro de 2024.
O movimento acompanhou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, caía 0,01%, aos 99,785 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
O dólar perdeu força após o telefonema entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, na manhã desta quinta-feira (5).
Segundo Trump, as discussões comerciais entre os dois países continuam em andamento e estão “em boa forma”. “A conversa se concentrou quase que totalmente em Comércio. Nada foi discutido em relação à Rússia/Ucrânia ou ao Irã”, escreveu no Truth Social.
Trump ainda disse que o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o secretário de Comércio, Howard Lutnick, se reunirão com as principais autoridades chinesas, afirmou ele a repórteres na Casa Branca.
A ligação ocorre após uma troca de acusações nos últimos dias entre Washington e Pequim sobre o suposto descumprimento de uma trégua comercial acordada em Genebra no mês passado.
A Casa Branca vinha sinalizando que uma conversa entre os líderes poderia ocorrer nesta semana.
“Moedas de países emergentes e ligados a commodities são especialmente beneficiadas, pela forte exposição à economia chinesa, e o fluxo de entrada no Brasil especificamente se apoia na expectativa pelo anúncio de medidas fiscais estruturais nos próximos dias, em substituição às mudanças do IOF“, disse Paula Zogbi, Estrategista-Chefe da Nomad.
O real também ganhou força com o avanço do petróleo, que encerrou a sessão com alta de 0,74% e recuperou o nível dos US$ 65 o barril. Países emergentes e exportadores de commodities, como o Brasil, são impactos positivamente pelo aumento dos preços das matérias-primas.
Os investidores também seguiram monitorando as negociações tarifárias entre os Estados Unidos e os países parceiros comerciais. Hoje (5), Trump afirmou que deve fechar um acordo comercial com a Alemanha em breve.
“Teremos um grande acordo comercial. Acho que isso será determinado principalmente pela União Europeia, mas vocês são uma parte muito importante disso”, disse ele. “Esperamos terminar com um acordo comercial ou faremos algo, sabe, faremos as tarifas.”
Além disso, uma bateria de dados de emprego dos EUA movimentaram o câmbio, sendo o payroll o mais esperado e que deve ser divulgado na próxima sexta-feira (6).
Na última quarta-feira (3), o relatório Jolts apontou a abertura de postos de trabalho no país subiu para 7,391 milhões em abril. O resultado ficou acima da expectativa dos analistas, que previam criação de 7,1 milhões de vagas no período.
Já ontem (4), o relatório ADP mostrou a criação de 37 mil vagas de trabalho no setor privado do país, uma desaceleração aos 60 mil postos abertos em abril, em dado revisado. Os economistas consultados pela Reuters previam abertura de 110.000 postos.
“O movimento de risk-on será colocado à prova com a divulgação do payroll na sexta-feira: a saúde da atividade econômica americana é observada na lupa por investidores que ensaiam uma rotação mais contundente para a tese de IA e outras ações de crescimento”, acrescentou Paula Zogbi, Estrategista-Chefe da Nomad.