Dólar cai a R$ 5,41 com dados do mercado de trabalho dos EUA

O dólar recuou nesta sexta-feira (5) após relatório de emprego dos Estados Unidos reforçar a perspectiva de corte de juros pelo Federal Reserve em setembro.
O dólar à vista (USDBRL) fechou a sessão com queda de 0,61%, aos R$ 5,4139, acumulando baixa de 1,11% nos últimos três dias. Na semana a divisa dos EUA recuou 0,15% e, no acumulado do ano, 12,38%.
Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, recuava, 0,51%
A economia dos EUA criou 22 mil postos de trabalho em agosto, abaixo dos 75 mil postos da mediana de pesquisa da Reuters com economistas. A taxa de desemprego, por sua vez, ficou em 4,3%, em linha com o projetado.
Os números do relatório payroll, considerados fracos, reforçaram as apostas de corte de juros pelo Fed já este mês, com investidores voltando a colocar sobre a mesa inclusive a possibilidade de redução de 50 pontos-base da taxa de referência norte-americana, e não de apenas 25 pontos-base.
“A gente segue com uma visão de três cortes de juros nos Estados Unidos até o final do ano”, pontuou o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala. “E por ora a Selic deve continuar em 15%.”
Este diferencial de juros entre EUA e Brasil, conforme Gala, permite a apreciação do real, favorecendo o controle da inflação pelo Banco Central. “A curva toda de juros no Brasil (está) caindo mais ou menos 10 pontos-base em relação a este payroll fraco”, acrescentou.
Perto do fechamento a curva brasileira precificava em 98% a probabilidade de manutenção da Selic em 15% no encontro deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.
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Semana marcada por expectativa sobre juros
A semana foi marcada pela calibragem a respeito do corte de juros nos EUA, com mercado de trabalho do país em foco.
Relatório ADP mostrou a criação de 54 mil postos de trabalho no setor privado no mês passado, abaixo do esperado.
Já o relatório Jolts, elaborado pelo Departamento do Trabalho do país, mostrou que as vagas de emprego em aberto no país caíram para 7,18 milhões em julho, em comparação com 7,37 milhões estimados pelos economistas consultados pela Reuters.
No Brasil, os investidores acompanharam dados macroeconômicos.
Pela manhã desta sexta, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que os preços ao produtor recuaram 0,3% em julho sob influência do setor de alimentos, marcando a sexta taxa negativa consecutiva.
A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 6,133 bilhões em agosto, saldo 35,8% mais alto do que o observado em agosto de 2024, quando ficou positivo em US$ 4,5 bilhões. O resultado do mês passado já foi impactado pela tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos. A taxação entrou em vigor em 6 de agosto.
Já outros dados do IBGE na semana mostraram que a produção industrial caiu 0,2% em julho na comparação com o mês anterior, enquanto que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,4% no segundo trimestre de 2025 (2T25).
O início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) pela tentativa de golpe de Estado também dividiu as atenções. O processo deve durar até a sexta-feira da semana que vem, dia 12.
*Com Reuters