Dólar cai mais de 1%, a R$ 5,66, com Copom e acordos comercias de Trump

O dólar perdeu força com valorização das commodities e reação positiva ao Copom. O acordo comercial entre os Estados Unidos e o Reino Unido e expectativas de negociações com a China também impulsionaram a moeda brasileira.
Nesta quinta-feira (8), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,6613, com queda de 1,46% ante o real.
O movimento destoou a tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais como euro e libra, avançou 1,04%, aos 100,652 pontos.
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O que mexeu com o dólar hoje?
No cenário doméstico, o dólar à vista operou em forte queda ante o real. Os investidores repercutiram a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em elevar a Selic em 0,50 ponto percentual (p.p.), de forma unânime. Com o novo ajuste, a taxa básica de juros subiu de 14,25% para 14,75% ao ano, no maior nível em quase 20 anos.
O comunicado, porém, foi considerado mais “dovish”, sem a sinalização sobre os próximos passos do Comitê na reunião que acontece em junho. O colegiado do Banco Central afirmou que o atual “o cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta”.
Esse movimento foi lido, por parte do mercado, como um possível fim do ciclo de aperto monetário e a permanência de juros elevados por mais tempo (higher for longer).
O real também ganhou força com as commodities. Países emergentes e exportadores, como o Brasil, foram impactados positivamente através do aumento dos preços das matérias-primas, como o petróleo — que avançou quase 3% hoje.
Já no exterior, dólar teve mais uma sessão de ganhos ante as moedas globais. Hoje (8), o presidente Donald Trump anunciou o primeiro acordo comercial após o tarifaço. O acordo com o Reino Unido impulsionará os mercados de exportação dos Estados Unidos para produtos agrícolas, incluindo carne bovina e etanol, segundo ele.
“O acordo inclui bilhões de dólares em maior acesso ao mercado para exportações americanas, especialmente na agricultura, aumentando drasticamente o acesso à carne bovina americana, ao etanol e a praticamente todos os produtos produzidos por nossos grandes fazendeiros”, disse Trump em pronunciamento na Casa Branca.
A divisa norte-americana ganhou força na reta final do pregão após comentários do representante comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), Jamieson Greer e que tem atuado junto com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, nas negociações com os países parceiros comerciais.
Em entrevista à CNBC, Greer afirmou que o país pode anunciar ainda nesta semana ou “ao longo do mês” novos acordos comerciais bilaterais. “Estamos fazendo de tudo para garantir que o comércio global seja o mais recíproco possível”, afirmou.
Greer e Bessent irão se reunir com o representante econômico da China, He Lifeng, na Suíça, neste fim de semana — o que pode ser o primeiro passo para resolver uma guerra comercial das duas maiores economias do mundo.