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Dólar cai a R$ 5,44 após Trump decidir pelo adiamento das tarifas e fazer novas ameaças ao Brics

08 jul 2025, 17:05 - atualizado em 08 jul 2025, 17:16
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O dólar perdeu força com novo adiamento de tarifas recíprocas por Donald Trump e novas ameaças aos países que formam o Brics (Imagem: iStock/eyeglb)

O dólar perdeu força ante o real com o adiamento das tarifas “recíprocas” anunciadas e novas ameaças aos países do Brics pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, além da valorização das commodities.

Nesta terça-feira (7), o dólar à vista (USDBRL) encerrou as negociações a R$ 5,4458, com queda de 0,58%.



O movimento destoou da tendência vista no exterior. Por volta de 17h (horário de Brasília), o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, subia 0,04% aos 97.521 pontos.

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O que mexeu com o dólar hoje?

As tarifas de importação impostas pelo presidente dos Estados Unidos continuaram a concentrar as atenções dos investidores no Brasil e no exterior.

Trump adiou novamente a data em que as taxas “recíprocas” entrarão em vigor. Antes prevista para 9 de julho, as tarifas começaram a valer em 1º de agosto, “aumentando” o período de negociações entre os Estados Unidos e os países parceiros comerciais.

Ontem (7), Trump enviou cartas a 14 países, incluindo Japão e Coreia do Sul, com as “novas” taxas, que variam de 25% a 40% sobre os produtos a serem importados nos EUA. Já hoje, o presidente norte-americano afirmou que deve enviar uma notificação para a União Europeia em até dois dias, ainda que as negociações estejam “caminhando” bem.

Ele também anunciou tarifas de 50% sobre o cobre importado e que taxas sobre semicondutores e produtos farmacêuticos serão aplicadas em breve.

Além disso, Trump reforçou as ameaças tarifárias ao Brics — bloco econômico formado por BrasilRússiaÍndiaChina e África do Sul e que tem EgitoEtiópiaIndonésiaIrã e Emirados Árabes Unidos como membros desde o ano passado.

Segundo ele, o bloco econômico foi criado pata desvalorizar o dólar e os produtos produzidos nos países do Brics serão taxados em 10% “muito em breve”.

Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que os países que formam o Brics são soberanos e não aceitam intromissão.

“Não aceitamos nenhuma reclamação contra a reunião do Brics. Não concordamos quando ontem o presidente dos Estados Unidos insinuou que vai taxar os países do Brics“, disse Lula ao lado do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, durante uma cerimônia no Palácio da Alvorada, em Brasília.

“Queremos dizer ao mundo que somos países soberanos, não aceitamos intromissão de quem quer que seja nas nossas decisões soberanas, no jeito que cuidamos do nosso povo”, acrescentou Lula.

Petróleo em alta, falas de Haddad e Galípolo

Em meio às incertezas sobre as tarifas de Trump e as ameaças ao Brics, o real ganhou força na esteira da valorização das commodities. O petróleo Brent, por exemplo, fecharam em alta de quase 1%.

No cenário doméstico, os investidores também acompanharam novas declarações de autoridades.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a inflação estará dentro da banda de tolerância da meta central de 3%, que permite que o índice fique entre 1,5% e 4,5%, em 2026, e acrescentou que cabe ao  Banco Central (BC) analisar esse movimento para decidir quando cortará a taxa Selic.

Em entrevista ao portal Metrópoles, Haddad afirmou que é muito cedo para avaliar a presidência de Gabriel Galípolo no BC, reafirmando que o atual ciclo de alta de juros foi contratado em dezembro do ano passado, na gestão de Roberto Campos Neto.

Já durante o evento da Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo e associados do Instituto Unidos Brasil, em Brasília, Galípolo disse que tem consciência de que o Comitê de Política Monetária (Copom) não receberá um prêmio de “Miss Simpatia” ao colocar a taxa Selic em 15% ao ano, mas afirmou estar tranquilo por estar perseguindo a meta de inflação.

Com a entrada em vigor do sistema de meta de inflação contínua, em janeiro, o chefe do BC precisa enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda com justificativas para o descumprimento sempre que a inflação em 12 meses ficar acima da meta por seis meses seguidos.

A divulgação da carta de Galípolo está prevista para esta semana, após a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho — dado que será divulgado na próxima quinta-feira (10).

As discussões sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) continuaram no radar.

Hoje, Haddad também disse que as medidas do governo de ampliação de receita são focadas em combater privilégios, argumentando que esse era o caso do decreto que aumentou o IOF, que acabou derrubado pelo Congresso Nacional e judicializado pelo governo no Supremo Tribunal Federal (STF).

Na semana passada, o ministro do STF Alexandre de Moraes suspendeu os efeitos dos decretos presidenciais que elevaram as alíquotas do IOF bem como a decisão do Congresso Nacional na semana passada que sustou os efeitos da medida adotada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em decisão liminar, Moraes convocou uma audiência de conciliação para a próxima terça-feira (15) com representantes do governo, da Câmara, do Senado e da Procuradoria-Geral da República.

*Com informações de Reuters

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
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