Economia

Dólar a R$ 5: Existe explicação para a moeda estar “tão baixa”? Veja análise da Ativa

10 mar 2022, 16:46 - atualizado em 10 mar 2022, 16:46
Dólar, real
Mercado discute diferentes hipóteses para o enfraquecimento do dólar (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

Desde o início do ano, o dólar vem perdendo força para o real. A moeda norte-americana, que começou o ano próximo a R$ 5,70, agora beira os R$ 5.

O mercado discute diferentes hipóteses para o enfraquecimento do dólar. Segundo a Ativa Investimentos, o motivo mais associado ao movimento atual do câmbio é o conflito na Europa, que levou a duras sanções contra a Rússia após a invasão da Ucrânia.

Étore Sanchez, economista-chefe da corretora, destaca que, dentro dessa hipótese, há uma migração forçada de fluxo de recursos para economias similares à russa, o que explica porque o câmbio brasileiro tem se beneficiado nos últimos tempos.

Da mesma maneira, o fluxo que seria direcionado à Rússia poderia beneficiar outras economias pares. Porém, não é isso o que está acontecendo, diz Sanchez.

O que explica a queda?

Em um levantamento, a Ativa colocou o câmbio oficial brasileiro contra a moeda americana cotada em uma cesta de moedas de países pares. A corretora extraiu o primeiro componente principal (PCA, sigla em inglês) do dólar cotado nas moedas de Chile, Indonésia, Índia, África do Sul, Colômbia e México.

O que a Ativa notou é que o movimento do câmbio oficial brasileiro cedeu fortemente na ponta. Essa queda, no entanto, não foi acompanhada pelo PCA na mesma magnitude.

“Ou não se trata de um fluxo de recursos, ou o Brasil foi mais beneficiado proporcionalmente por esse fluxo do que seus pares”, afirma Sanchez.

(Fonte: Ativa Investimentos)

Mesmo levantando essas duas possibilidades, o economista destaca que a subjetividade associada a essas perspectivas é “muito grande”.

Sanchez diz que a hipótese de que o câmbio cedeu em função de um fluxo de recursos específico para o Brasil parece frágil.

“A correlação entre o fluxo cambial contratado e a cotação da moeda não é tão evidente. Era esperado que uma entrada de recursos (fluxo positivo) gerasse uma apreciação da moeda (variação negativa), mas são diversos os momentos em que essa correção é inexistente”, comenta.

Tabela - Ativa Investimentos
(Fonte: Ativa Investimentos)

Esse “descasamento” também põe para baixo a ideia de que a valorização do real em relação ao dólar acontece pelo fato do juro e da liquidez do Brasil serem “portos seguros” para o investidor global no cenário atual.

“Essa tese, para se comprovar, exigiria um fluxo de recursos, mas, conforme visto, não há correlação clara com a cotação”, explica Sanchez.

Dada a dificuldade de encontrar uma explicação objetiva sobre por que do dólar em real estar “tão baixo”, a Ativa manteve a perspectiva de R$ 5,40 para a moeda norte-americana ao fim de 2022, considerando a volatilidade diante do período eleitoral brasileiro.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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