Dólar

Dólar a R$ 6,00 pode se transformar em um novo normal, diz sócio da WMS Capital

29 nov 2024, 19:39 - atualizado em 29 nov 2024, 19:39
Dólar ações brasileiras
Enquanto Ibovespa sofre, dólar pode exercer influência positiva em empresa de ramo de atuação específico; veja qual (Imagem: Pixabay/frycyk01)

Risco, ruído e possível desancoragem das expectativas em relação à inflação podem levar o dólar a ultrapassar os R$6,00, disse Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, no Giro do Mercado desta sexta-feira (28).

Segundo Moreira, os modelos econométricos indicam que o valor referente a um dólar justo seria algo em torno de R$4,85. Mas o real já está negociando em um patamar muito depreciado, indicando um risco para empresas que possuem dívidas em moeda estrangeira.

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Nesta sexta-feira, o dólar voltou a bater novo recorde ao ultrapassar a marca histórica de R$ 6,00, com investidores ainda reagindo negativamente ao anúncio de uma reforma do Imposto de Renda pelo governo junto com um esperado pacote de contenção de gastos.

Alguns analistas já projetam uma taxa básica de juros mais alta para reancorar as expectativas do mercado, com a curva futura de juros precificando uma Selic de 14%, tema abordado pelo diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo.

Moreira explica que o comportamento de qualquer ativo financeiro reage à dinâmica de oferta e demanda. “Se grandes investidores estrangeiros enxergam o Brasil com um nível alto de incertezas, isso tende a diminuir a demanda por real ou aumentar a demanda por dólar”.

O analista afirma que uma medida que tende a aumentar o nível de arrecadação, como a proposta de aumentar a taxação de quem ganha acima de R$ 50 mil por mês, pode haver uma fuga de capital, o que também desvaloriza o real. ‘’Não é só o estrangeiro que sai. Mas também o investidor brasileiro busca outras alternativas’’.

Moreira pondera que dólar mais caro também significa uma inflação mais alta, o que aumenta a pressão sobre o Banco Central para atuar e equilibrar o câmbio.

Ele acredita que está cada vez mais próximo o cenário de inflação acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A meta é de 3% ao ano, com um teto de tolerância de até 4,5%. ‘’Dado o que nós vimos essa semana, nos parece um cenário cada vez mais real’’, disse.

“Espero que o dólar a R $6,00 não seja o novo normal, mas se o governo não se mostrar responsável e compromissado com a sustentabilidade das contas públicas, infelizmente poderá sim ser normal’’, finalizou.

E AS EMPRESAS?

Ainda que o cenário não seja positivo para a economia , Moreira destaca que as empresas exportadoras tendem a se beneficiar com a alta do dólar. Ele cita principalmente as produtoras de alimentos e commodities.

Moreira destaca principalmente a JBS (JBBS3), que tem 80% das suas receitas originadas em dólar, seja por suas operações nos Estados Unidos, seja por exportações.

Moreira também traz destaque para a Weg (WEGE3), que é líder no setor de bens de capital e tem 40% da sua receita dolarizada.

‘’Todas essas empresas que eu citei agora fecharam ontem, por exemplo, no positivo. E ontem foi um dia de banho de sangue na nossa bolsa, com queda superior a 2%’’, disse ele.

Na quinta-feira de ontem (29), o Ibovespa (IBOV) perdeu mais de 3 mil pontos com a escalada da aversão ao risco após o anúncio do pacote fiscal, apresentando uma queda 2,40%, aos 124.610,41 pontos. Essa foi a maior perda diária desde 2 de janeiro de 2023, quando o índice caiu 3,06%.

O ponto de cautela levantado pelo analista envolve as dívidas. As mesmas empresas que se beneficiam na ponta das receitas têm boa parte de seus débitos atrelados ao dólar.

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Estudante de jornalismo na FAAP, cobre Mercados e Internacional.
raquel.lauren@moneytimes.com.br
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