Dólar à vista abre com forte alta após tarifas de 50% de Trump sobre o Brasil

O dólar ganhou força ante o real e começou o dia com forte alta de quase 2% após Donald Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre todas as exportações do Brasil.
Nesta quinta-feira (10), o dólar à vista (USDBRL) avançava a R$ 5,6100, com alta de 1,96%.
O presidente norte-americano enviou, nesta quarta-feira (9), uma carta oficial ao governo brasileiro anunciando a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações do Brasil aos Estados Unidos. A medida, segundo ele, passa a valer a partir de 1º de agosto e será aplicada de forma ampla, além das tarifas já existentes por setor.
Na carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump afirma que a decisão foi motivada por questões políticas e comerciais. A primeira justificativa apresentada é o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. O republicano classifica o processo como uma “vergonha internacional” e uma “Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”.
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Trump também acusa o Brasil de violar a liberdade de expressão de cidadãos norte-americanos ao citar as ordens judiciais do Supremo Tribunal Federal (STF) contra redes sociais dos EUA. “Centenas de ordens de censura foram emitidas”, diz o texto.
Além do tom político, a carta denuncia o que Trump chama de desequilíbrio nas relações comerciais entre os dois países. “Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco”, escreveu. Ele afirma que as tarifas são uma tentativa de corrigir “déficits comerciais insustentáveis”, destacando que apenas em junho o Brasil registrou déficit de quase US$ 600 milhões com os EUA.
O republicano ainda sugere que as empresas brasileiras poderiam escapar da taxação ao transferir sua produção para os EUA, com a promessa de aprovação “em semanas”. E faz um alerta: “Se por qualquer razão o senhor decidir aumentar suas tarifas, qualquer que seja o valor escolhido, ele será adicionado aos 50% que cobraremos.”
Trump também anunciou a abertura de uma investigação da Seção 301 contra o Brasil — instrumento jurídico já usado contra a China — que pode ampliar as sanções comerciais por práticas consideradas desleais.
Ao final da carta, ele sinaliza uma possível reavaliação das tarifas, desde que o Brasil elimine barreiras e abra seus mercados. “O senhor nunca ficará decepcionado com os Estados Unidos da América”, conclui.