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Dólar amplia recuperação ante real com expectativa por Fed elevando cautela

06 abr 2022, 10:19 - atualizado em 06 abr 2022, 10:19
dólar
Às 10:10 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,76%, a 4,6935 reais na venda, nas máximas do dia (Imagem: Foto/Hafidz Mubarak/via Reuters)

O dólar avançava frente ao real na manhã desta quarta-feira, estendendo uma recuperação depois de na véspera ter pausado uma sequência de perdas, com investidores aguardando a divulgação da ata da última reunião de política monetária do banco central dos Estados Unidos e o anúncio de novas sanções contra a Rússia.

Às 10:10 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,76%, a 4,6935 reais na venda, nas máximas do dia.

Na B3, às 10:10 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,75%, a 4,7205 reais.

Essa movimentação não era muito diferente da observada no exterior, onde divisas emergentes ou ligadas às commodites – como peso mexicano, peso chileno e dólar australiano – oscilavam entre estabilidade e leve queda. O índice do dólar contra uma cesta de rivais fortes, por outro lado, caía 0,1%.

O clima internacional era de cautela antes da publicação da ata do Federal Reserve, às 15h (horário de Brasília), que vem num momento de apostas crescentes num posicionamento mais agressivo da autoridade monetária, principalmente depois que sua diretora Lael Brainard disse esperar uma combinação de aumentos de juros e um rápido escoamento do balanço do Fed.

Seus comentários causaram liquidação em Wall Street na terça-feira e, segundo alguns participantes do mercado, ajudaram a alimentar alta de 1,10% do dólar no mercado doméstico, a 4,6583 reais na venda, maior alta percentual diária desde o último 14 de março (+1,31%).

“Me parece que o banco central americano está disposto a desacelerar a economia em prol de uma inflação mais baixa”, disse em blog Dan Kawa, diretor de investimentos da TAG. “O tema de inflação e o aperto das condições financeiras deve continuar a ser o grande foco do mercado nos próximos meses.”

Kawa avaliou que “o Brasil, no relativo, parece mais bem posicionado para lidar com os riscos do cenário internacional”, mas “é difícil acreditar que uma eventual deterioração maior do cenário internacional não irá afetar negativamente os nossos ativos”.

A perspectiva de juros mais altos nos Estados Unidos tem gerado temores de recessão por lá, uma vez que freariam o consumo num contexto já afetado pelas consequências econômicas da guerra na Ucrânia. Investidores aguardavam nesta quarta-feira os detalhes do mais recente pacote de sanções coordenadas dos EUA e seus aliados contra Moscou, após civis ucranianos serem encontrados mortos na cidade de Bucha.

Ao mesmo tempo, a alta dos custos de empréstimos norte-americanos tende a atrair mais investimentos para a renda fixa dos EUA, o que pode beneficiar o dólar globalmente. Os juros básicos do Fed estão atualmente numa faixa entre 0,25% a 0,50%, após aperto de 0,25 ponto percentual promovido em março. Para as próximas reuniões do banco central, a expectativa é de ajuste mais agressivo, de 0,5 ponto.

A valorização do dólar na terça-feira, que se estendia para esta manhã, veio após sequência de três dias de perdas, que levaram a moeda a uma mínima desde o início de março de 2020 no começo da semana. A divisa norte-americana tem cedido terreno persistentemente contra o real desde o início do ano, pressionada pela disparada global dos preços das commodities e pelo patamar atraente da taxa Selic.

Até agora em 2022, o dólar ainda perde 16%, deixando o real com a melhor performance global no período.

Banco Central iniciará nesta quarta-feira a rolagem integral de 14,8 bilhões de dólares em contratos de swap cambial tradicional que vencem no próximo 1° de junho, informou a autarquia na noite de terça.

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