Internacional

Dólar deve seguir fraco nos próximos meses, diz Itaú

16 jul 2025, 10:21 - atualizado em 16 jul 2025, 10:21
dólar câmbio
Dólar tende a continuar fraco, diz Itaú. (Imagem: Pexels)

O dólar segue em trajetória de queda e tende a continuar fraco nos próximos meses, avaliam o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, e a equipe de pesquisa macroeconômica.

Esse movimento é impulsionado por fatores estruturais e conjunturais — como o cenário fiscal deteriorado nos Estados Unidos (EUA), o déficit em conta corrente elevado, a política tarifária errática, os riscos geopolíticos, os ataques à independência do Federal Reserve e o crescimento estável no restante do mundo.

Segundo os economistas, a aprovação final do novo pacote fiscal dos EUA reforça o cenário de aumento do déficit e aceleração da dívida pública. Isso pressiona os juros de longo prazo e reduz a atratividade do dólar.

O Congresso americano aprovou um pacote que projeta um déficit fiscal nominal entre 6,5% e 7% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos anos, frente à estimativa de 5,5% a 6% para este ano — um patamar inédito em tempos de paz.

“A falta de urgência para endereçar a trajetória negativa do fiscal deve continuar pressionando os juros longos da Treasury e é um dos principais fundamentos para nossa projeção da Treasury de 10 anos em 4,5% este ano (frente a em torno de 4,35% nos preços atuais)”, dizem.

Esse quadro tem acentuado o enfraquecimento recente do dólar no cenário global, diante da menor atratividade dos ativos americanos.

Mesquita e sua equipe destacam ainda que o déficit em conta corrente, de 6% no primeiro trimestre de 2025, é historicamente compatível com uma desvalorização adicional do dólar entre 5% e 10%.

“O dólar multilateral defasado, indica que o dólar precisa desvalorizar em torno de 30% para levar o déficit em conta corrente de volta para a média histórica desde 90, de 3,0% a 3,5% do PIB”, afirmam.

Esses fatores colocam em dúvida o chamado excepcionalismo norte-americano. Em meio a ruídos geopolíticos e incertezas na condução da política econômica, observa-se uma diminuição da sensibilidade e um descolamento da relação entre a moeda e os juros — “algo que tende a continuar à frente”.

Nesse contexto de maior aversão global a ativos dos EUA, o Itaú revisou as projeções para o euro, de 1,12 para 1,20, e para o yuan chinês, de 7,20 para 7,15.

Os economistas ressaltam, porém, que esse movimento não deve atingir todos os países da mesma forma. “Países, por exemplo, que tenham aumentos de tarifas relativamente maiores que o restante do mundo e/ou tenham maiores desafios domésticos podem ter o seu prêmio de risco compensando o efeito global do dólar.”

Real x Dólar

Nas últimas semanas, o cenário externo influenciou diretamente a dinâmica dos ativos brasileiros.

A política fiscal expansionista e comercialmente protecionista dos EUA reduziu a diferença entre o crescimento da economia norte-americana e o do restante do mundo, contribuindo para o enfraquecimento do dólar no exterior. Esse fator, somado à redução das tensões geopolíticas, favoreceu a valorização de ativos de países emergentes, como o real.

Essa tendência teria potencial para se intensificar nos próximos meses, não fosse o anúncio de tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras para os EUA.

Com fatores atuando em direções opostas, o Itaú decidiu manter sua projeção para a taxa de câmbio em R$ 5,65 em 2025 e 2026.

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Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.
giovana.leal@moneytimes.com.br
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Editora-assistente no Money Times e graduada em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Atua na área de macroeconomia, finanças e investimentos desde 2021.
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