Mercados

Dólar enfraquece e se aproxima das mínimas em quatro anos, pressionado por projeto fiscal de Trump e tarifas

01 jul 2025, 5:19 - atualizado em 01 jul 2025, 4:58
Dólar, Banco Central, Leilão, Mercados
Dólar atinge menor valor desde fevereiro de 2022 na comparação com outras seis moedas (REUTERS/Dado Ruvic)

O dólar norte-americano permanece enfraquecido frente ao euro nesta terça-feira, atingindo seu nível mais baixo desde setembro de 2021, à medida que o projeto de gastos do presidente Donald Trump aumentou as preocupações fiscais e a incerteza em torno dos acordos comerciais continuou a pesar sobre o sentimento do mercado.

Investidores também passaram a apostar em um ritmo mais rápido de afrouxamento da política monetária por parte do Federal Reserve neste ano, antes de uma série de dados econômicos dos Estados Unidos que serão divulgados nesta semana — com destaque para o relatório de empregos fora do setor agrícola na próxima quinta-feira.

Esse cenário impulsionou a venda de dólares, deixando o euro próximo da máxima em quase quatro anos, a US$ 1,1808. A moeda única europeia subiu 13,8% no período de janeiro a junho — seu melhor desempenho no primeiro semestre da história, segundo dados da LSEG.

A libra esterlina manteve-se estável a US$ 1,3739, próxima da máxima em três anos e meio atingida na semana passada, enquanto o iene japonês se fortaleceu para 143,77 por dólar. O iene acumulou valorização de 9% no primeiro semestre — seu melhor desempenho desde 2016.

O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda dos EUA frente a uma cesta de seis outras moedas, caiu para 96,612 — o menor nível desde fevereiro de 2022.

Incertezas afetam confiança

“Há muitos motivos para não gostar do dólar. Alguns são estruturais, como as políticas comerciais erráticas e os riscos fiscais,” disse Moh Siong Sim, estrategista cambial do Bank of Singapore.

“Esses fatores já haviam causado o enfraquecimento do dólar, mesmo com sua vantagem relativa em termos de juros. Mas agora, o risco de um Federal Reserve mais dovish [brando] corroendo essa vantagem é a fonte mais recente da fraqueza do dólar.”

Os investidores estão lidando com incertezas em relação aos esforços do Senado dos EUA para aprovar o projeto de corte de impostos e gastos de Trump, que enfrenta divisões internas dentro do próprio partido, especialmente por causa do impacto projetado de US$ 3,3 trilhões na dívida nacional. Essas preocupações fiscais afetaram o sentimento do mercado e levaram alguns investidores a diversificar suas carteiras.

A moeda de reserva global acumula queda de mais de 10% — sua maior perda no primeiro semestre desde o início da era de câmbio flutuante, nos anos 1970.

“Em 2025, a narrativa do excepcionalismo americano foi colocada em xeque. A demanda por leilões de títulos do Tesouro dos EUA tem sofrido pressão nos últimos meses, e o apetite de investidores estrangeiros diminuiu,” disse Nathan Hamilton, analista de investimentos em renda fixa da Aberdeen Investments.

Trump versus o Fed

Enquanto isso, Trump tem pressionado constantemente o Fed para afrouxar a política monetária, chegando a enviar ao presidente Jerome Powell uma lista de taxas de juros de outros bancos centrais com comentários manuscritos sugerindo que a taxa dos EUA deveria estar entre os 0,5% do Japão e os 1,75% da Dinamarca.

Essa ofensiva contínua contra o Fed e Powell tem gerado preocupações entre os investidores sobre a independência e a credibilidade do banco central. Trump não pode demitir Powell por divergências de política, mas pediu publicamente sua renúncia na semana passada.

O foco dos investidores estará nas declarações de Powell, que participa nesta terça-feira de um fórum do Banco Central Europeu (BCE) em Sintra, Portugal, junto a outros dirigentes de bancos centrais. O mercado agora precifica 67 pontos-base de cortes nas taxas pelo Fed ainda este ano.

O Goldman Sachs agora espera que o Fed realize três cortes de 0,25 ponto percentual neste ano — ante uma previsão anterior de apenas um corte em dezembro — citando os efeitos moderados das tarifas e a fraqueza no mercado de trabalho.

“Os primeiros sinais indicam que os efeitos das tarifas são menores do que esperávamos… e suspeitamos que a liderança do Fed compartilha nossa visão de que as tarifas terão apenas um impacto pontual sobre o nível de preços,” afirmaram os estrategistas do banco em nota.

O relatório de empregos desta quinta-feira deve mostrar a criação de 110 mil vagas em junho, abaixo das 139 mil de maio, segundo uma pesquisa da Reuters com economistas. A taxa de desemprego deve subir de 4,2% para 4,3%.

Com o prazo de 9 de julho se aproximando para a implementação das tarifas de Trump, os investidores também estão atentos aos acordos comerciais dos EUA com seus parceiros — embora até agora poucos avanços tenham sido feitos.

Trump demonstrou frustração com as negociações comerciais com o Japão, enquanto o secretário do Tesouro, Scott Bessent, advertiu que os países podem ser notificados sobre aumentos acentuados nas tarifas, mesmo após negociações de boa-fé.

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A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
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