Mercados

Com inflação em alta, mercado puxa dólar para cima à espera de Fed e Copom

23 jul 2021, 17:21 - atualizado em 23 jul 2021, 18:11
Dólar
O dólar à vista teve variação negativa de 0,02% nesta sexta, a 5,2101 reais na venda (Imagem: Pixabay/stephenbayer)

Um firme movimento de compra tirou o dólar (USDBRL) da queda de 1% de mais cedo, levando a moeda a fechar esta sexta-feira em torno da estabilidade, ao fim de uma semana em que acumulou alta.

O dólar à vista teve variação negativa de 0,02% nesta sexta, a 5,2101 reais na venda. Pela manhã, a cotação tocou 5,1591 reais, mas na parte da tarde ganhou tração e chegou a mostrar alta de 0,44%, a 5,234 reais.

Na semana, a divisa ganhou 1,82%, elevando os ganhos de julho para 4,70%. Em 2021, o dólar sobe 0,36%.

O mercado de câmbio piorou o sinal na parte da tarde conforme os negócios com juros futuros na B3 (B3SA3) eram dominados por uma forte pressão compradora de taxa.

O DI outubro de 2021 o mais líquido para expressar posições para as reuniões do Copom de agosto e setembro saltava 11 pontos-base no fim da tarde, variação incomum para um contrato de curto prazo.

O DI janeiro 2023, visto também como um termômetro de risco, disparava quase 30 pontos-base.

O mau humor geral foi alimentado pelas incertezas sobre quão agressivo o Banco Central está disposto a ser para debelar as pressões inflacionárias, depois de o IPCA-15 de julho, divulgado mais cedo, ter vindo acima do esperado, 0,72%, a maior taxa para o mês desde 2004 e com leituras de núcleo muito além do previsto.

O Credit Suisse passou a ver IPCA de 7,2% em 2021 (de 6,9% da previsão anterior) e de 4,7% em 2022 (4,5% antes).

O desconforto dos agentes financeiros ocorre enquanto a inflação no Brasil se mostra mais persistente do que o esperado e, no mundo, o debate sobre os riscos de aumentos de preços se soma às preocupações com o ressurgimento da Covid-19.

“A Rússia subiu os juros em 100 pontos-base hoje. Não tem por que o Banco Central aqui ser mais suave”, disse Marcos Weigt, chefe de tesouraria do Travelex Bank. “A inflação está realmente pegando nos serviços, e o BC precisa dar uma resposta”, completou.

A Rússia promoveu o maior aperto monetário desde 2014, levando sua taxa básica a 6,5%, o que deixou o rublo ainda mais atrativo que o real para operações de “carry trade” (retorno com taxas de juros). Por aqui, a Selic está em 4,25%.

A divergência desfavorável ao real fica ainda mais explícita quando se ajusta o retorno de ambas as moedas pelo risco respectivo: a volatilidade implícita atribuída ao rublo é de 11,1% ao ano, enquanto a do real é de 16,2% a mais alta dentre as moedas emergentes comparáveis.

A taxa de câmbio mostrou intensa oscilação nesta semana, trocando de sinal várias vezes ao longo dos pregões, mais uma evidência de um grau de incerteza permanentemente alto em relação ao real.

Depois de cair 16,8% entre a máxima perto de 5,90 reais de março e a mínima abaixo de 4,90 reais de junho, o dólar voltou a subir e já acumula apreciação de 6% desde então.

De acordo com estrategistas do Citi, isso está relacionado a um recente movimento de desmonte de posições compradas em real por parte de fundos locais.

Citando um indicador proprietário, os profissionais avaliam que o real está vulnerável a amplas oscilações nos ativos globais e que isso explica parte do vaivém dos preços nos últimos dias.

Dito isso, eles veem a decisão de juros do BC de 4 de agosto como elemento a fazer preço no mercado, pelo que avaliam como estreita correlação entre a taxa de câmbio e a política monetária, especialmente num momento em que investidores locais parecem divididos entre elevação dos juros de 75 pontos-base ou de 100 pontos-base.

“Um resultado ‘hawkish’ (aperto monetário mais forte) provavelmente manteria o real demandado, enquanto um ‘dovish’ (menor alta de juros) levaria os locais a ampliar ‘duration’ (uma medida de risco) e a provavelmente fazer uma rotação para algumas posições compradas em dólar”, disseram os estrategistas do Citi em nota a clientes.

Antes da reunião do Copom, porém, o dólar terá ainda pela frente a decisão de política monetária do banco central norte-americano, que atrai todos os olhares por expectativas de início de debate sobre redução de estímulos. Ainda na semana que vem, os EUA divulgam dados preliminares do PIB do segundo trimestre, bem como aguardados números de inflação.

Repórter
Formado em jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em Julho de 2021. Bruno trabalhou no Money Times, como estagiário, entre janeiro de 2019 e abril de 2021. Depois passou a atuar como repórter I. Tem experiência com notícias sobre ações, investimentos, empresas, empreendedorismo, franquias e startups.
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