Dólar firma queda de mais de 1% ante real com Copom e melhora externa
O dólar deixou para trás a indefinição de mais cedo e firmava queda contra o real nesta quinta-feira, conforme investidores repercutiam a decisão do Banco Central de elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 11,75%, ao mesmo tempo que acompanhavam melhora no apetite por risco internacional.
Às 14:27 (de Brasília), o dólar à vista recuava 1,10%, a 5,0355 reais na venda, rondando as mínimas do dia. Mais cedo, em manhã marcada por instabilidade do sinal da moeda, o dólar chegou a tocar 5,1090 reais (+0,34%).
Na B3, às 14:27 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,92%, a 5,0560 reais.
Na véspera, o BC colocou em prática o plano de reduzir a intensidade do ciclo de aperto monetário adotado para conter a inflação, e indicou ajuste da mesma magnitude na próxima reunião, apesar de destacar a incerteza sobre o atual cenário.
Thomas Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos, avaliou que os bancos centrais, no geral, passaram a mostrar preocupação muito maior com a inflação, que há alguns meses era vista apenas como temporária.
“Os BCs reconhecem, sim, muito, a inflação, e a função de reação está ligada de que tanto o BC brasileiro quanto o americano vão aumentar a dose do remédio –ou seja, os juros– se necessário.”
Falando sobre o impacto disso no câmbio, Giuberti acredita que o real, que já vem se beneficiando de fluxos estrangeiros para o Brasil neste início de ano, tem espaço para se valorizar ainda mais caso o BC seja mais agressivo na alta da Selic.
“O real vem performando bem porque teve uma rotação global para commodities, veio um fluxo muito grande de recursos e ainda temos o carrego voltando a ficar muito bom”, disse ele, referindo-se aos retornos oferecidos pelo real em estratégias que buscam lucrar com diferenciais de juros. “A gravidade puxa em favor do real.”
Ele ponderou que há incertezas à frente para o mercado de câmbio doméstico, como as eleições presidenciais, mas reforçou que o juro alto no Brasil é um fundamento que não pode ser ignorado pelos investidores.
Estrategistas do Citi disseram em relatório desta quinta-feira que “o real tem potencial de operar bem” na esteira da decisão do Copom, mas também condicionou essa expectativa ao apetite por risco global.
Nesta sessão, as ações europeias fecharam em alta, recuperando perdas de mais cedo, enquanto os principais índices de Wall Street avançavam. No mercado de câmbio, o índice do dólar acelerava as perdas para 0,7%, enquanto divisas emergentes pares do real tinham ganhos, numa melhora no apetite de risco que parecia contaminar o Brasil.
Investidores avaliavam a decisão do Federal Reserve de elevar na quarta-feira os juros em 0,25 ponto percentual. O banco central norte-americano apresentou um plano agressivo para empurrar os custos de empréstimos nos Estados Unidos a níveis restritivos no próximo ano, diante das preocupações com a inflação alta e a guerra na Ucrânia.
Na véspera, a moeda norte-americana spot fechou em queda de 1,29%, a 5,0917 reais.