Dólar

Dólar destoa do movimento externo, sobe e supera em R$ 5,50; veja motivos

10 out 2025, 12:34 - atualizado em 10 out 2025, 16:22
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(Imagem: REUTERS/Dado Ruvic)

O dólar à vista voltou a ultrapassar os R$ 5,50 nesta sexta-feira (10) com o aumento da aversão a risco doméstica de olho no cenário fiscal. As tensões geopolíticas também pesam sobre o câmbio.

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Por volta 14h (horário de Brasília), o dólar à vista (USDBRL) atingiu a máxima intradia a R$ 5,5102, com avanço de 2,45%. 



O movimento destoa da tendência vista lá fora. No mesmo horário, o DXY, indicador que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, como euro e libra, operava em queda, no nível dos 99,0 pontos.

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A culpa é do fiscal?

O real tem o pior desempenho ante os principais pares emergentes nesta sexta-feira (10), com a escalada do temor fiscal no cenário doméstico.

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Segundo uma reportagem do Estadão, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara um ‘pacote de bondades’ com impacto de cerca de R$ 100 bilhões em 2026, ano eleitoral, considerando medidas do Orçamento da União e estímulo a financiamentos.

O número pode ser maior caso a proposta de isenção de tarifas de ônibus, em estudo pelo Ministério da Fazenda, seja de fato implementada.

Ainda de acordo com o jornal, o pacote inclui a ampliação da isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês, aprovada na Câmara dos Deputados e que ainda deve passar pelo crivo do Senado Federal.

A distribuição de gás de cozinha gratuita para pessoas inscritas no Cadastro Único — Programa Gás Povo —, a isenção na conta de luz para 17 milhões de famílias e o pagamento de bolsas do Pé-de-Meia para estudantes do ensino médio também estão incluídos no pacote.

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Além disso, o mercado reage ao anúncio da nova política de crédito imobiliário anunciado nesta sexta-feira (10). Voltado para famílias com renda acima de R$ 12 mil — que não contemplados pelo Minha Casa, Minha Vida—o novo crédito prevê o fim do direcionamento obrigatório dos depósitos da poupança para o crédito.  

As mudanças deverão ter plena vigência a partir de janeiro de 2027, após um período de transição que será iniciada ainda neste ano.

Na avaliação de Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, as medidas são “aceno populista” — “que reacendeu o temor de deterioração das contas públicas”.

A queda de mais de 3% do petróleo Brent com o fim da guerra na Faixa de Gaza também pesa contra o real. Em linhas gerais, países emergentes e exportadores de commodities, como o Brasil, são impactados negativamente com a queda dos preços das commodities.

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Dólar cai no exterior

No exterior, o dólar perde força ante as moedas consideradas fortes, como euro e libra.

O movimento acontece após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que seu governo “está calculando um grande aumento de tarifas sobre produtos da China”. Segundo ele, “há muitas outras medidas de retaliação em consideração” contra o gigante asiático.

Trump disse, em publicação na plataforma Truth Social, que a China tem enviado cartas a países do mundo todo dizendo que planeja impor controles de exportação sobre todos os elementos de produção relacionados às terras raras.

“Ninguém nunca viu nada parecido, mas, essencialmente, isso ‘entupiria’ os mercados e tornaria a vida difícil para praticamente todos os países do mundo, especialmente para a China”, disse o chefe da Casa Branca.

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Repórter
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.
liliane.santos@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela PUC-SP, com especialização em Finanças e Economia pela FGV. É repórter do MoneyTimes e já passou pela redação do Seu Dinheiro e setor de análise politica da XP Investimentos.